Um brinde a nós, poetas
desamparados colecionadores
de palavras ,de emoções
Um brinde a nós
que vemos o sol pela janela da vida
e nos alimentamos de frios interiores
sem nada arriscar
Assim, passo noites e noites
a vagar, a delirar
nuvens e estrelas estendo no tapete
puro deleite da imaginação
Uma taça cheia de vinho tinto
me aquece a inspiração
Aguça o instinto
salva-me da solidão
Sinto-me leve,sou fonte
sou jorro de palavras
sou pura contemplação
E a cada gole,um sonho se esvai
e toda a falta se arrasta
e toda a saudade nefasta
sempre me leva a um cais
Não há mais nenhuma dúvida
sonhadores não têm paz
ergo a taça
a vida passa ligeira
E todo o vinho que bebo
faz parte do amor que morre
em um brinde reticente
onde apenas o olhar foi complacente
Ali,no solo sagrado
aspiro a alegria efêmera
de construir com palavras
novos versos de amor
regados pela solidão
- Um brinde a nós, pobres mortais!
Adriane Lima
Arte by Vitor Bauer