Abro meu peito
no limite máximo, sinto que
meus pulmões não respiram
colecionam silêncios e descompassos
carrego hoje nos ombros a dor do amor
pesos desmedidos e amarguras infinitas
caminhante sigo
não paro o relógio do tempo
inverno, verão ou primavera
a violência dos dias vem vindo
destruindo
separando
esgotando
promessas de uma última flor
nos jardins de minha memória
A essência tem cheiro de passado
onde afago só retratos
balbucios de quem mal sabia andar
mergulho em miragens
me banho no lago de Deméter
água que me purifica
férteis sementes emergem
desejando que todos os dias
eu possa me perdoar pelas
horas de sede da verdade
onde tudo era colisão
meus pés buscando asas
no avesso da emoção
Adriane Lima
Arte By Christofle Lorain