terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Crônica : Arquétipos Interiores






Quatro gerações de mulheres fortes compõem a minha vida.
Quatro destinos tocados de forma serena e diferentes.
Heranças de Deusas gregas trazidas entre vertentes de mulheres com suas histórias pessoais.

A primeira abriu caminhos, teve braços para o trabalho árduo, para a luta de seu tempo, provedora,  preocupava com a ordem familiar, a matriarca de grande fortaleza.
Viveu para sua casa, marido e filhos, tinha forte influência sobre eles e tudo que lhe rodeava, rígida em seus princípios e escolhas.
Era habitada pelo arquétipo da Deusa Deméter, a mãe geradora de vida, feita para a família .
Representa o instinto maternal, geradora não só da vida mas também de sentimentos, emoções, experiências.
A que protege, acolhe e alimenta, se apresenta com reservas aparentemente inesgotáveis de energia, cuida de tudo o que é pequeno, carente e sem defesa e, em até seus últimos dias fez de tudo para manter a família unida.

A segunda mulher dessa geração sempre foi exaltada pelo amor e a admiração de todos que a conhecem, é feita de versos,  canções, voz suave e colorida, em sua presença de pássaro.
Encantamento vindo de suas mãos através da arte, esculpindo sonhos em forma de círculos feito a Lua. Teve sempre também suas fases.
É  feita de traços da Deusa Hera, traz consigo os traços familiares para unir filhos, cuidar dos netos desde o nascimento, estar perto em horas de dificuldades.
Vive para sua família, mas também em sua inquietação vive para arte, para o dom da música, literatura e assuntos exotéricos.
Costuma ser fraternal em seus relacionamentos, quer cuidar de todos, amigável, valoriza o companheirismo e a independência que cada parceiro permite ao outro.

A terceira sempre teve a liberdade em seu destino, cheia de sonhos, sempre se deixou levar pelo amor, pelo humano, para a beleza do universo, é feminina, sensual, sensível e refinada, está voltada principalmente para os relacionamentos, para a beleza e inspiração nas artes.
Uma eterna apaixonada pela vida e por isso embebida por esse arquétipo Afrodite, possuidora de um magnetismo, sempre rodeada de festas e de pessoas, de luzes e solidão.
Muitas vezes personificada pela sua beleza em fantasias masculinas, onde poucos conseguem envolvê-la de verdade.
Tem necessidade da criatividade para sentir-se completa, na arte, na música, na escrita ou até mesmo como terapeuta.
Faz o que gosta não o que lhe dá dinheiro e posição social, por isso tão diferente da maior parte das mulheres de seu círculo de amizade.

A quarta assim como as demais, também guarda em si a fortaleza e os sonhos vindos de suas antecessoras.
Traz consigo cabelos encantados das sereias, choros contidos que nunca aparecem, onde tem também muita alegria, sempre rodeada de amigos, mocidade e, um sorriso a acompanha-la , ao mesmo tempo mistério e sonho.
Personificada do arquétipo da Deusa Atena, prática, objetiva, vive para a justiça do que acredita, nunca se deixa dominar por sentimentos assim, como Atena, é a Deusa da prudência, capacidade de reflexão e introspecção, é também amante da beleza e da sabedoria.
Não se deixa levar por idéias alheias, sempre consulta seu mundo interno mais do que o que ouve ao seu redor.

Eis assim meu caminho feito de mulheres diferentes e ao mesmo tempo tão iguais.
Vindas de tempos em tempos a habitar um pouco cada uma de nós.
Deusas mulheres, artistas pela sensibilidade, práticas pela ordem da vida, cada uma com seus destinos, cada uma com suas personalidades.
Mulheres que cumpriram e cumprem seus deveres fraternais, trazem marcas de Deusas, guerreiras, sonhadoras, sacerdotisas, encantadas pela vida e seus mistérios.
Vidas que fluíram feito um rio, contornando quedas, pedras, arrastando consigo correntezas e fortalezas pessoais.
Cada qual com sua história, seu tempo, sua memória, seus amores, suas dores universais... Trazidas entre tantas mulheres de tempos em tempos dentro de todo universo feminino.


Memórias que fazem,
seus olhos virarem mar
mar de histórias
mar de memórias
indo e voltando nas areias do tempo
estrelas cadentes que tecem marcas 
em meus céus interiores
Deusa Deméter
Deusa Hera
Deusa Afrodite
Deusa Atena
t  odas elas
habitam em mim...






Dedicado a minha avó materna Rosa, a minha mãe Angela 
e a minha filha Manuela.







Adriane Lima





Arte by   Marina Podgaevskaya 

Mar Alado



 

Entoaria hoje a voz
de minhas lágrimas
sal jorrado na face por
lutas vãs
 

Buscaria cores da primavera
em minha existência sã?
 
Mas a luta, mascarou as flores
hoje sem cheiro e cores
um sorriso pálido estampo
sem vontades no rosto
 
Talvez mais tarde entenda
que ele me livrou do cinza
dos dias e das dores
 
Reluto em crer que sapos
possam ser digeridos
 
Que nós se desfaçam e
deem sentido
no mesclado dos sonhos
vejo anjos caídos
 
Geografias em mapas
de saudosistas esperanças
distância que separa
a superfície da terra
 
pedaços de caminhos
que levarei comigo
 
Mágoas, injustiças e castigos
calor que derrete abrigos
e dispersam o vento
das circunstâncias
 
Mar da liberdade e pujança
enseje em mim motivos, para crer
que tudo isso um dia terá fim

 






Adriane Lima









Arte by Robert Doesburg 

Poema em Chamas



Eu mesma me assusto
com o que tenho
de abrupto e salta
dentro de mim
 

Me vejo vulcânica
lanço lavas
em forma de palavras
subentendidas
em meu modo de ousar

Sou meteórica
viajo de um lado
a outro 

e são poucos
que podem me ver
do jeito que
realmente sou

Ultimamente
ando sísmica
me abalo facilmente
com as superfícies da vida
que andam mudando
rapidamente

Tento vencer depressões
caminhar por planícies
Explorar meus vulcões
e sedimentar as feridas

Mas, tsunamis me habitam
varrem minhas costas 
me derrubam e por mais
sólida que esteja
eu me perturbo e não durmo

Tempos esperados e seus
desdobramentos
casos demarcados
que julguei sólidos

Magma de vida
que vem e devora
devasta meus sonhos
do aqui e de agora
 

Confesso que já pedi:
inunda-me e me leva
de uma vez daqui




Adriane Lima




Arte by  Robert Doesburg

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Verbal...mente



Quero dizer qualquer coisa
extrair a fórceps
gritar bem forte
ousar minha voz
provocar dor é sorte

Tatuar-me sem piedade
arranhar a pele viva a navalha
pergaminho de maldades
dos ferimentos que vieram com a vida
porque dor maior é a saudade
ferida que não se cicatriza

E assim corre a vida
mel e fel
na veia
peso nos ombros

e na piedade o verbo: respiro
e na vontade o verbo: hiberno


fecho os olhos
entre silêncio e desassossego
versos faço ao inimigo
lânguida flor da permanência
do que estancado vive comigo

e na palavra o verbo: viver
quase que por instinto

e no instinto o verbo : morrer
quase que permitido

 
 
Adriane Lima
 
 
Arte by Marina Podgaevskaya
 

Mordaças

 
Eu tenho raíva
dessas que tem o cão
que late e não morde
Eu tenho raiva
de ter uma coleira imaginária
dessa falsa signatária
que me tornei por ti

Escrevo cartas sem remetente
faço poemas sem saber por fim
são palavras que saem soltas
povoam o céu da minha boca
vivo faminta por alguém
que talvez nem sinta o mesmo por mim

Raiva racionalizada,
bem direcionada
por me ver agir assim
Mas também não quero ter a piedade,
Ter metade
ser saudade
do que poderia ter, enfim
prefiro ser cão e não covarde

Mordaça de palavras
são prêmios para mim
e quanto mais eu me calo
mais a mão escreve
o que a raiva exprime
sendo mulher somente
busco ser amada
e não, ser anjo querubim
Raiva de ser, teu principio, meio e nunca fim

 
 
 
Adriane Lima



Rosto Incógnito



 Ele não tem um rosto
 mas conhece meus segredos
 e em seu secreto ser
 já depositei minha solidão

Ele não tem um rosto
mas, é composto de paciência
palavras doces e emoção

 Ele não tem um rosto
 mas,suas verdades se encaixam nas minhas
 sinto suas angústias,suas alegrias.
 seu mistério comum

Não pelo tom de voz
porque na verdade nunca a ouvi
nem mesmo sei de seus sentidos concretos
seu olfato, seu tato,sua visão

 Mas conheço sua fala e toda sua expressão
 através de letras que se formam
 em minha tela : imensidão

 Quem é ele
 que antes de me conhecer
 já decifrou minha canção

Quem é ele ?




Adriane Lima



Arte by Alberto Pancorbo

Conto : Amor Manga



Costumamos nos esquecer de que não podemos impedir as mudanças,tudo dança sob a coreografia sábia e implacável da impermanência do tempo,mas aquela música,que verdadeiramente nos impulsionou,jamais deixará de tocar e emocionar de alguma forma o nosso coração,mesmo que tudo mude !!
Ana Jácomo
Todos nascemos para amar.para encontrar alguém e buscar ser feliz,ainda que seja por curto espaço de tempo.
Como disse :Vinícius de Moraes :"Que seja infinito enquanto dure."



E assim começou uma história de amor,como tantas outras histórias de amor...
Mas,não era uma noite propícia ao amor.
Conheceram-se num bar bastante movimentado,onde a agitação imperava.
Ela aproximou-se da mesa dos amigos, cumprimentou-os,alegremente,como sempre fazia.
Ela era uma mulher agitada,falante,viajada,bem informada e sempre era o centro das atenções onde chegava.
Percebeu,entre eles um rapaz desconhecido que lhe sorriu e olhou-a dos pés a cabeça,sem nenhum constrangimento.
Ela sentou-se,contou suas histórias,fez suas gracinhas,como sempre,todos riram como sempre acontecia.
O rapaz,imperturbável,olhava-a ,sem esboçar um sorriso. Às vezes,até desviava o olhar para outras direções para seguidamente,tornar a fitá-la.
Trocaram poucas palavras,mas ela percebeu que ele era muito diferente dos homens que até então conhecera.
Mesmo querendo parecer indiferente,olhava-a intensamente!
Ela começou a inquietar-se.Foi se calando. Pediu um chope, mais outro e depois do terceiro, desculpou-se,falou de uma súbita indisposição, despediu-se,
a noite para ela, acabara mais cedo que de costume.
Passaram-se os dias. Tornaram a se encontrar, novamente por acaso.
Cada um com sua turma e em mesas diferentes.
Mais uma vez, ela sentiu aquele olhar fixo, perturbador sobre ela.
A noite estava agradável, os amigos animados, as horas passaram rapidamente!
De repente,o bar ficou quase vazio. Na mesa, antes lotada, apenas ela e a amiga e na outra, ele e um amigo!
Gentilmente, convidou-as para  lhes fazer companhia. E assim,naquela noite ele pôde conhecê-la um pouco mais e acabou descobrindo que aqueles risos altos, aqueles gestos largos, apenas disfarçavam fragilidades.
Do bar foram a um café. O dia amanheceu e nem notaram.
Depois, acompanhou-a até o carro. Despediram-se.
Ambos intuíram que uma magia acariciante os envolveu!
Novos encontros, inúmeras ligações,”sms’,saídas com os amigos, mas agora, já formavam um casal.
Chegavam aos lugares sempre juntos, saiam juntos, mas não dormiam juntos! Ele estava ainda enamorado  por sua alma e continuava decifrando-a com seu olhar intenso! Ele era diferente de muitos homens que buscavam apenas a satisfação sexual .
Os meses se passaram! Ela estava perdidamente apaixonada e sentia que ele também estava!
Mas,as noites se findavam com um beijo de despedida!
Uma noite,aconteceu diferente! Jantaram num restaurante à luz de velas e degustaram um vinho especial ! Brindaram,conversaram ,riram.
Ele lhe falou das coisas belas e simples da vida, falou das coisas que sempre admirou: do silêncio do dia amanhecendo; das cores do entardecer por serem sempre diferentes; falou-lhe da doçura da manga e da beleza da mangueira e da sombra que ela espalha.
E ela se encharcava com suas palavras.Elas lhe faziam um grande bem, como se ouvisse a Nona Sinfonia de Beethoven .
Eram música para sua alma!! Ela deixava-se levar .
E ela começou a falar para ele todas as comparações que estava fazendo entre frutas e amores:
Hoje entendo que já vivi muitas paixões amoras, morangos, framboesas.
Essa frutas pequenas e vermelhas que a gente engole de uma vez, mas as manchas que elas deixam muitas vezes demoram a sair.
Esse era o amor tão procurado, o amor maduro —O Amor Manga.
O amor cheio de lirismo e de se lambuzar!!!
Um amor que vai se descascando devagar, sem sobressaltos, sem engolir naquilo que o outro é.
Descobriu que amava esse jeito simples dele ser, amava o brilho dos seus olhos, sua autenticidade, seu jeito próprio de amar .
 E pensou serenamente:
“Amar talvez seja isto:entender e admirar o que o outro fala .”
Esse era o amor buscado, o amor que se deixa escorrer, sereno, tranquilo,cheio de paz!
E ela ficou certa de que ou ela havia mudado muito ou havia mesmo se apaixonado pelo homem certo.

E eles foram muitos felizes enquanto durou!!!!



Adriane Lima





Arte by Marina Podgaevskaya

domingo, 29 de janeiro de 2012

Meu céu invernal



Se fosse só ter asas e poder voar
se fosse só ter boca e poder falar
se fosse só ter braços e poder te segurar

me faria ave alada dona da liberdade
seria livre acima dos pensamentos
sem deter palavras ou mesmo sentimentos
mulher feita de braços para abraços
e não distanciamentos

sonho além da poesia
amor sereno e magia
mar alado em final do dia
céu azul celeste de outono
quase invernal

Homem que me consome
e não vê que és caminho
e não atalho de meu padecer

És infinito de vastas cores
és céu em chamas da secura de inverno
onde busco teus lábios ao anoitecer
és rio navegado transbordando em mar
onde me aquietas em meus pecados
de sons lacrados e dialéticas vozes

Mar de acontecimentos
vejo-te renascendo
manhãs em mim
espelho de coragem
onde anuncio viagens
espaço de universo
onde sou marcada

onde somos o amor e mais nada

 





Adriane Lima






Arte by  Sergey Ygnatenko 

Bailarina alada



Me perdoa
Quero ser uma
Quero ser outra
e de mim,nenhum pouco

Sem os excessos
Que outra me caberia?
Ser página
Ser livro
Palavra rasgada
Sem saída

Chôro escondido
Ou talvez o verso bandido
Que eu não possa escrever
Sim,rasguei verdades

Mas não quero ser eu
Ser sonho de nada
Ser vigiada,por olhos maduros
Não me quero refém

Eu te quis quando
Tudo parecia seguro
Quando juntos erguemos o muro
Quando meus olhos fechados
Por ti foram enganados

Tarde demais para verdades
Buscarei novas paisagens
Cansei de ver teus reversos
Pode subir tua aposta
de que cada um tem o que merece

Senti o sabor de meu pânico
Senti a dimensão da loucura
Meu amor foi destino renunciado
Quando me fiz escolher,ser tua

Fui zombada pelos Deuses
Sem nada merecer
Mas sendo outra e não eu
O que terei a perder...



Adriane Lima


( Imagem : Ana Luísa Kaminsk )

Acordes Dissonantes



Mesmo que exitando
mesmo que tecendo
fantasias na cabeça
roda gira
gira mundo
tempo não espera
segundo
seguindo
rondando
sombras de folhas secas
passos em desvios
calafrios
sopro com gosto
de café coado
espresso em
cenas de vitrines
codinomes
jornal do dia
vento na cara
Jobim no coração
assovio uma canção
cruzo dedos
fé em oração
aceleração
preciso sair de casa
parar de ouvir
tua voz em
resssonância
um sinal
inconstância
não calo
de lá te mando
um cartão postal...


Adriane Lima

Âmago de menina



Caminhos de perfume
infância distante
um belo lugar
feito acalentar
de colo de mãe

Em minha mente
nostalgias
uma rua só minha
onde eu corria
desenhava entre o
inferno e céu
uma amarelinha

De lá para cá
 já esquecidas
marcas do tempo
as lembranças

corroídas pedras
de esperanças

feitas de perguntas silenciosas
e do olhar de espectador

Por isso esperei tanto tempo
por isso a vida venceu
diante de mim
e da menina
que me pertenceu

Sei que sobrou muito pouco
desse brincar
leve e solto
dessa rua
que se fosse minha
jamais mandaria ladrilhar

Mas ela era tão minha
Tão minha

 



Adriane Lima

Meu sim,assim





Hoje acordei como qualquer Maria
Ou Rita, Helena ou Joana

Tentando não me ver insana
Sem lua
Sem sol
Ou poesia

Menina fria
num canto do quarto
travesseiro apertado ao peito
vendo a vida de um jeito
 e querendo vira-la do avesso

Sem expressão nos olhos
peito pesado de sonhos
pergunto se ainda existe
alguma vida aqui dentro

Olho no espelho e na retina
alguém me acena de dentro
uma flor uma menina
com adocicado na boca

Não é Maria ,nem Rita
apenas a vida que grita
dizendo que em mim
ainda habita



 


Adriane Lima


Arte by Andrius Kovelinas 

Deriva



No silêncio da noite
breu total de sonoridade
se é que se pode assim dizer

O que é a sombra
desse silêncio
que diz mais a mim
do que você

Tempo voa
atordoa
e minha mente
não cala
viaja
é maruja
em meu convés

porões por hora
habitado
fantasmas acorrentados
peso de meu revés

Porque não aceito
o silêncio
Porque procuro respostas
Se sei do fio o viés

Se o tempo passa
sem alarde
já me fez mais
que covarde
não sou dona de
minhas marés

Recuo
Bato nas pedras
Rochas de memória
restos de porquês

Barco solto ao
mar da verdade
Interno
Intenso
Insensatez...

 



Adriane Lima

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Casa lacrada



De onde vinham
as forças de outrora
as estrelas brilhantes
de meu céu infante
a liberdade dos sonhos
que não pesavam nos ombros

de onde vinham...?

Sinto uma alegria
parecida com tristeza
dois desertos sobrepostos
em minhas frágeis certezas

Vou caminhando sobre
esse imperceptível fio
estou em um ponto vazio
feito silêncio lunar

Sinto a frieza em cada parede
que toco,em cada chão onde piso
e minh'alma dorme,em uma onda
do tempo e lá,vejo meu corpo desfalecido

Descubro com espanto e grito:
alma prisioneira
corpo prisão
a casa não tem janela
nessa minha habitação

  
 
 
Adriane  Lima

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Poema para minha dor latente


Sobre minha pele branca
tatuei flores em círculos
formando uma mandala
buscando o equilíbrio com
a dor que lá estava

Depois de certo tempo,
já nem me lembrava dela
das dores que causou
enquanto fui marcada
mas ambas estão lá

A Mandala e as dores
nas costas marcadas
desenhada por flores
não as vejo ,mas sinto
e sei que lá estão elas
gravada em tons lilás
e vermelho rubro
para eu nunca mais esquecer

que a dor que dói mais me vem no mês de outubro

 
 
Adriane Lima
 
 
Arte by Saturno Butto
 

Crônica : Será o fim do mundo...?

Será o fim do mundo??!!...



Se tem coisas que me assustam, ver o fanatismo é uma delas. Ouvi numa reportagem nesta semana um "pastor" que levou duas famílias à destruição. Sumiram, deixando para trás, casa, parentes, imóveis, escreveram apenas um bilhete onde diziam que estavam seguindo as palavras de Deus e iriam seguir o "arrebatamento".
E desapareceram sem deixar pistas...rasgaram seus RGs, dinheiro e tudo mais que os "prendia aqui na Terra".
Para quem não sabe, "arrebatamento" significa, para os cristãos, a segunda vinda de Jesus à Terra, onde os justos seriam salvos e gozariam a vida eterna, a criação seria renovada e os maus seriam condenados à eternidade sem Deus, que é o inferno.
Tem gente que tem tanta fé em desgraças que me preocupo onde isso vai parar.
Tudo bem que o mundo não anda lá a mil maravilhas, que temos tido terremotos, tsunamis, vendavais, chuvas demais em lugares que nem chovia antes, mas daí acreditar que chegamos ao fim do mundo já acho um pouco de exagero (que bom!), porque amo tanto viver que temo assistir a essas profecias de fé.
Temo mesmo que o mundo esteja acabando, que seremos "arrebatados", que dias de escuridão se abaterão sobre nós.
Claro que fanatismo e profecias sempre existiram, mas daí criar seitas e sair fazendo pessoas ingênuas sofrerem já é um pouco demais para minhas crenças.

Sempre segui histórias de "loucos" que criam espaços dentro da fragilidade humana e é nessa hora que o pior acontece.
Mas não estou aqui para questionar a religiosidade, nem a fé de ninguém.
Quero falar sobre situações onde pessoas mal intencionadas tiram dinheiro através da fé alheia.
Claro que ninguém precisa ser conivente comigo, mas é mais produtivo batalhar pela erradicação de "gente mal intencionada" do que tornar nossa vida ruim, pelo medo de pensar em religião como um marcador do bem e do mal.
Claro que não devemos nos calar diante de tamanha violência urbana, tanta corrupção, injustiças, o descaso com o meio ambiente, mas daí criar polêmicas e prejudicar o bem-estar de famílias que têm boa fé, já acho demais!
Muitos se beneficiam através da fraqueza de conhecimentos históricos e, por que não dizer, culturais. Religião para mim envolve paz de espírito.

Não é preciso ser profeta para ver que o homem está acabando com o planeta, que a ganância de muitos alterou o clima, o solo, as vegetações.
E como conter tudo isso diante de uma natureza que pede socorro?
Eu temo, pois tudo são ciclos, e acredito no velho ditado: "cada um colhe o que planta"...
O que temos plantado de bom, de saudável ao nosso redor?
Quantas pessoas não têm nem tempo para saber o que se passa na própria família, na vizinhança, no amigo que sofre calado, quem dirá se preocupar com o planeta Terra, no "macro" cosmos...
Nessa hora, quando sofremos as catástrofes, aí sim ficamos alertas, tememos por nossas dores, por nosso egoísmo, por nosso micro cosmos, queremos a paz próxima. Mas como alcançá-la se não temos a paz de tudo que nos cerca?

Será tão difícil imaginar que todos precisamos de equilíbrio, se a ponte caiu ali hoje pode ser que não seja lá meu caminho, mas também pode ser que amanhã seja.
Não é difícil imaginarmos isso, pois a vida faz planos, altera nossos dias e às vezes só percebemos a mudança quando realmente já estamos envolvidos nela.
Morremos um pouco todos os dias, e nessas mortes básicas devemos pensar não com o ego, pensar em como se salvar, e sim em como salvar o que está ao redor. Aqui incluem-se amigos, vizinhos, o cara da padaria, do supermercado, do posto de gasolina...e você deve estar se perguntando mas por que?
Porque é simples, com um bom dia, um sorriso, eu posso mudar o mundo de todas essas pessoas e assim melhorar o meu, experimente; duvido que ao chegar ao caixa de um mercado que esteja lá sem ter escutado sequer um bom dia, mesmo já sendo 17h00, ele não vai mudar de opinião, de cara, de humor.

Parece até "papo" de gente que vê flores em tudo, mas não é.
É uma verdade que não vemos mais porque passamos apressados pelos dias. E é nessa hora que os falsos profetas, os manipuladores de sentimentos pegam as pessoas que estão cansadas de serem "invisíveis", de trabalhar o dia inteiro como máquinas, sem carinho, sem uma troca de olhar ou uma palavra de confiança que seja.
Nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em silêncio sobre as coisas que importam, que doem, que teimamos em não enxergar, em não falar, em não vivê-las.
Não é preciso chegar num momento limite para se dar conta disso.
O enfretamento das pequenas mortes que nos acontecem em vida já é o empurrão necessário.
E nem preciso ser profeta para enxergar isso, basta praticar o olhar sensível sobre as coisas, sair desse "engessamento" de estar sempre certo ou errado sobre determinada questão, ler mais, estar perto de gente positiva e de bom humor, afinal ninguém precisa saber tudo, mas acreditar em um mundo melhor, isso é quase que uma obrigação!
É preferível uma vida em harmonia onde cada dia tem o seu sabor do que buscar uma vida eterna às custas de quem teme a si mesmo!
Sigamos o lema "Peace and Love", esse sim, nunca fez mal a ninguém.
Sejamos arrebatados ...pelo Amor ao próximo e por nós mesmos!

Acredite, nessa hora, sim, existirá uma fé inabalável!


Adriane Lima


(Texto publicado na Revista Glamour / Edição 2 /Ano 1 )

Olhos Calados



Eu choro todos os dias
são lágrimas
são cristais
são vegetos de nostalgia

Encaro as sombras,  finjo não ser eu 

meu corpo não obedece
e feito mergulhador
a espera de respirar
espero alguém, que venha me salvar

Já não lembro mais como são meus olhos
sem ficarem assim perdidos

sem ver cor fora da imagem
que ele tem projetado no infinito
 são dias e noites em preto e branco
vividos em minha retina

Estou cansada de tudo isso

de ser tão frágil minha sina
mantenho meus olhos abertos
mas me sinto sempre, clandestina

A realidade definitivamente

não foi a que escolhi,
desde menina
entre felicidade e impropérios
vozes que finjo que não ouço

Meu despertar é obrigatório

espero a noite, com alvoroço
me envolvo e reinvento modalidades
mazelas entre dores e punhais

Apagar as luzes, estar em paz

hoje, só me dói, a dor que não me sai

 



Adriane Lima






Arte by Sergey Ignatenko

Conto : Orientações perigosas...





Ninguém conhece ninguém,isso é sábio!!E quando a gente acha que conhece,os fatos se encarregam de mostrar o que não era tão visivel a tempos atrás.
E o que era para ser um simples jantar ,se tornou uma conjectura de fatos e fatores vividos pela nossa modernidade entre queixas de solidão.
Uma bela pasta "ao pesto",uns vinhos na taça e muitas risadas para acompanhar...perfeita combinação para uma sexta-feira a noite.
De início,todos polidos, comportados,amenidades no ar,mas,quando se descobre as queixas em comum entre os presentes a coisa muda de lugar.
E entre papos de namoros, saudades dos anos em que todos ali(quarentões) acreditavam em relacionamentos, chegamos a um denominador comum; todos eram separados e resolveram contar um pouco a história de suas vidas.
Detalhe: da melhor maneira possivel , sem lamentações, só o que poderiam ter de bom, entre o que ja foi vivido.
Para espanto geral,sexo foi o assunto...mulheres ali em maioria,onde a queixa eram os encontros casuais,o ir para cama no primeiro encontro, medos,fantasias, verdades,vontades e as ambições.
Nem preciso dizer que foi fatal, casos policiais, casos de traição, caso de desgastes da relação,amores, vibradores e falta de tesão...
Deus,quanta risada,mas nessa hora o mais engraçado era olhar os homens na sala, estavam estarecidos,cada qual em um canto de sofá,admirando aquelas declarações de mulheres modernas, nada Amélias em suas vidas pessoais.
E realmente ali entendi melhor a frase" Amor é prosa, Sexo é poesia";quantas rimas tinham aqueles enredos todos,quantos olhares e cumplicidades pairavam ali.
È certo que contar nossas desventuras amorosas a estranhos é mais fácil.

Ninguém precisa ser rotulado: fulana é a boazinha,beltrana a vagabunda,sicrana a vitoriosa,e assim vai...
Amigos tem sempre histórias em comum,sofrem uns pelos outros e riem também.Sabem que estão todos no mesmo barco.
Perfeita combinação,sem peso de cobranças,se por acaso alguma dose de desesperança nos abater depois.
Porque ali, me vi num mundo de regras ditado de nossas criações...
Freud que me explique isso, de que são nossos pais que sempre tem a culpa!!
A frase principal era": -sempre fui muito presa,desconhecia um monte de coisas e quando me vi livre...
O tempo passa e a vida vai nos fazendo menos crédulas, menos românticas e mais práticas,essa foi minha constatação.
Quanta loucura ,corações batem,sofrem,tem medo também,em todas as aventuras por mais que se entre sem sentimentos envolvidos.

Cada um sentia-se responsável por não saber onde ia de verdade e do que era capaz.
Entre histórias de amores todo mundo é um só,principalmente as mulheres...sonham com a felicidade,mesmo que essa seja momentânea,que não venha a dar romances, mas, que traga o peso da alegria,da boa companhia,e de boa pegada também e porque não.
Nem só de amor vivem os sonhos femininos, sexo é bom e sexo bom é melhor ainda.
Não dá para endurecer sem nenhuma ternura....literalmente falando!!!!

Adriane Lima 


    
( Texto publicado no jornal : A Tribuna / Agosto 2010 )
 

Cidade Pássaro


Sou feito sombra da lua
na calçada ilumidada
desta cidade nua
passo distante a maior parte
de meu dia, como quem flutua

Carros, concretos, sinais , buzinas
vivendo absurdos e tudo que alucina
sociedade morta dentro de fantasias
cidade que me enlouquece por entre avenidas

Cidade que mudou toda minha vida
cidade que tragou a magia que havia
cidade que invade e joga com sonhos
cidade pássaro tão feia e linda

Seus clãs falidos
velhas berlindas...

Por onde passo me faz vazia
ás vezes acho que é nostalgia
teu céu,azul perfeito é o mesmo
de meu mar sem maresia

Atravesso praças,bares e sua gente
olho no olho, ninguém nem sente
uma cidade surpreendente
mata, com simpatia silenciosa
aperta,quebra os ossos e ninguém
nem nota

Cidade das andorinhas
tú nunca foste minha
eu aqui tão só nunca me fiz, verão...
 
Adriane Lima


( Imagem : Alberto Pancorbo )

Ácida coragem



Como um espectador
que se salva da dor
eu vejo a vida vindo me encontrar
abro os olhos e ao meu redor
vou colhendo do dia novos lugares
ruas,lares,colos,...sinais

Não desanimei

até desafiei carne e sangue
sal do suor caido 
sal do sabor saído 
das lágrimas proferidas
e na escola da vida ,fui me aperfeiçoando

Caminhos tortuosos, bem rentes
uns escolhidos outros, nem tanto
noites assombradas, revés,cansaço
fantasmas indecentes de minha mente
outros bem vivos, de carne e osso

Fosse feita a vida só de verdades
tivesse autoridade, teria feito tudo parar
mas,vontade não move montanhas
e com isso meu corpo apanhava
das escolhas, sempre negadas

Não basta ser réu confesso
rumo dá quem manda 
quem detém o vil metal
e nem sempre o bagaço dá sumo
isso eu assumo e assino em baixo

Mas,a vida nem sempre esteve em minhas mãos
saber nem sempre é ter razão
foram papéis,
recados,
sonhos rasgados pela vida à fora

Vento,rio,natureza que acalma
água que lava e leva minha fé
ás vezes ela volta mas a
cumplicidade,nunca mais haverá
do que sobrou daqui

Resta saber,se consenti
atravessar o muro
quebrar o que era seguro
assinar o que não concordei
apenas para pagar por minha paz


Se é blefe, um dia alguém por mim vai  cobrar
e se eu perder o norte alguém vai sinalizar 
eu sempre tive a sorte de ter um santo para me abençoar


Adriane Lima
 





Arte by  Michael Parkes

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Primeiro poema do sonho



Hoje amanheci em sobressaltos
em meu quarto já não me cabia 

ouvia um mantra que entoava
em minha cabeça vazia
 
Tempo...
tempo...
tempo...
 
Ès um juiz de toga rasgada
tens me deixado velha
e sem forças nessa empreitada
 
Levei cortes,capotes
tive que ser forte
perder meu norte
tive que nadar em calmarias
 
A espera do que eu estaria...?
 
Me deste trabalho
para aceitar, e decidir
o que fazer até meu fim
 
Foste, meu demônio e querubim
em insônias rezei para santos
que nem conhecia
Sabendo que em um canto
de minh'alma alguém responderia
 
tempo de acabar com inércia
tempo de ter pressa
tempo de ser feliz 


para quê??... 

Tempo,
 
Pare de ser colheita
já sou uma mulher feita
meu brilho já não condiz
com a luz que explode
em minha metamorfose
 
Tempo, pare...
Você acaba de assassinar
a menina que morava em mim...




Adriane Lima

( Imagem :  Andrius  Kovalinas )

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Crônica : Antiga...mente !!!



O francês indica isso. Quando falamos e usamos um advérbio, quando dizemos real-mente, mental-mente, heroica-mente, o acréscimo desse mente já é, em si, indicativo de que mentimos. Há mentira indicada em todo advérbio. Não é por acaso que ela está aí. Ao interpretarmos, devemos prestar atenção nisso.
     
( Lacan )
Tem dias em que a gente acorda e se pergunta se a vida é isso mesmo ou foi alguém que nos enganou???Quem colocou aquela placa ali: Levante e siga...
Juro,o mundo está ao contrário em tantas situações,será que só eu notei?Será que sou privilegiada com altas "doses de bom senso"??!!
Minha mais nova descoberta,prestem atenção na frase :"Hoje em dia, pra ser moderno,ser atual é preciso ser antigo..."
Verdade,e não é contraditório.
Pra ser atual e moderno é preciso viver o antigo !!!!
Se você tem em casa uma geladeira, um telefone,uma máquina de escrever, uma máquina fotográfica dos anos 50,nossa...você está atualíssima,com tendência retrô!!Isso mesmo....
Isso mesmo, daqueles que foi do seu avô,de uma tia que lhe deixou herança,estilo "vintage" Éo que há de mais atual e não tente falar :móvel velho...velha estará sua linguagem..."vintage",entendeu?
Sim, existe uma diferença entre as palavras :retrô e vintage...
Vintage é uma peça antiga e original,já o retrô é uma peça nova, com estilo antigo,ou seja uma releitura do passado.
Então, procure um "brechó descolado,aquele que saiu na capa de uma revista famosa e encontre roupas..vintage,velhas não,por favor!!!
Seja um garimpeiro de peças raras, esquecidas no baú de alguém da familia ,garimpe louças, cristais,talheres, se eles vierem acompanhados de uma história familiar ,melhor ainda! Você estará atualizadíssimo e descolado. Sempre que receber uns amigos conte: “Ah, essa toalhas da Ilha da Madeira ,vovó trouxe quando desembarcou no Brasil e agora são minhas!” Que chique ,não!!!?
E por falar em báus, lembra-se daqueles em que as moças do século passado guardavam os enxovais?Está super na moda,assim como uma "arca" na sala de estar,lembra-se dessa peça ,da casa da vovó??A cadeira de balanço laqueada,enfeitando o quarto do bebê,também está atualíssima!E ,por falar em bebês,preste bem atenção nos nomes.Quanto mais antigos,mais modernos!Os nomes do momento são:Maria Cândida,Maria Fernanda,João,Manuela,Antônia e muitos outros.Os nomes que povoaram os anos 80,como,Felipe,Gabriela,Mariana,Thiago,Bruno,estão “demodée”,lembre-se de que ser atual,é ser antigo! Até as viagens entraram nessa “onda”.
Nada de ir de férias para grandes "resorts". Se você tem um amigo, dono de um sítio que fica bem no alto de alguma serra,herdado da família e com um sobrenome "quatrocentão"...você nem imagina quanto tudo isso está valorizado por ser tão atual.Vá correndo para lá!!!
E não se esqueça de ,na volta, contar a todos que comeu ovos caipiras,leitoas criadas pelo caseiro,conte que lá tem uma horta onde todas os produtos nunca viram agrotóxicos ,fora a cozinheira ,neta de escravos e as flores postas na mesa diariamente ,sempre colhidas lá ,pela anfitriã.
Simples,atual e chiquérrimo!!!!
Caso você goste de ser diferente,experimente usar roupas estilo "Pin-Ups "....isso mesmo,as divas dos anos 50. Nada mais moderno do que se vestir igual a elas,usando "pitadas de sedução e ingenuidade".
Esqueça a magreza cadavérica das top-models anos 90,hoje ,falar em anorexia e bulimia entre tops é perda de emprego,na certa.Até mesmo Amy Winehouse,se maquiava como uma pin-up,Pitty também saiu de seu estilo gótico, de início de carreira, para ser uma mulher mais sedutora!!
Bom, como se pode observar , está difícil saber como ser atual sem ser antigo.E ser antigo,para ser moderno!
Ouça músicas anos 50,60.,você estará sempre "antenado"...melhor ainda se for o velho e bom rock'n roll"!!!!
Mas, em matéria de atualidade, vale também dizer aqui:se você conhece palavras do tipo :sustentabilidade,reciclagem...guarde-as, porque daqui uns anos elas serão usadas,hoje não...hoje elas são comentadas.
Moro em uma cidade grande,num condomínio de casas e aqui não se recicla nada,e é tão atual ,que passa um senhor com uma carroça para pegar as coisas "velhas" que jogamos fora!!!
Fora que liguei em um "sebo" para doar uns livros antigos e eis que ouvi do outro lado da linha:-Só recebemos livros com edição de 2010,então não é sebo ,é livraria!!
Sinceramente ,imaginar isso...devo estar sonhando mesmo!!!
Acho que estamos mesmo vivendo "Era de Fênix"...renascer naquilo que acreditávamos cinzas...só pode ser!!!!
Não digo só pelo lado paradoxal,nem pela visão de que a vida é ciclica e a moda também.
Citando um trecho da música que diz :"Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais....???"
Mas, vou além,vou no que nós buscamos,ou aquilo que nos falta...do saudosismo ao nostálgico ,o que é bem diferente.
Um mundo que nos orienta e desorienta pela rapidez e acúmulo de possibilidades e informações.
É por isso que estamos assim tão perdidos!!!
É fato que o mundo está em constante mudança e nós, mudamos também.
Basta não sair do eixo...não se perder em modismos, não perder de vista o que somos.
E falando em música discordo até de Tim Maia :"Só não pode dançar homem com homem,nem mulher com mulher...o resto vale...
Vale sim, desde que tenhamos nossos valores internos bem delimitados e sem mentir para nós mesmos..que estamos assim,tão na moda!!!!
Mas,não se desespere,o antigo,é o moderno!

(uma crônica moderninha!!!Para ler,ouvindo o vídeo abaixo!!!!


 
 
Adriane Lima
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