quinta-feira, 29 de março de 2012

Um dia desses

 
Saudade palavra tão à toa
nem tradução ela perdoa
saudade da infância é coisa boa
quintal da casa de meu avô
e minha gangorra

Sob uma parreira de uva
eu ia e voltava das nuvens
e pedia : vô mais alto, mais alto
e ele me obedecia

sabia que o céu era o meu limite
e hoje lá de cima ele me assiste
ensinando segredos de felicidade
 
-não ponha o medo e nem a covardia
dentro de teus dias

na gangorra da vida
um dia a gente sobe
no outro está lá em baixo
emoções se guardam em caixinhas
para rever em finais de tarde

onde o céu é furta cor
e muitas marcas de amor
revelam essa saudade

  
 
 
 Adriane Lima 
 
Arte by  Andrei Markin 

Poema do tempo



Nunca sei ao certo
o real movimento
se é recuo ou volta
esse eterno tormento

fico atada
aos velhos detalhes
nunca estabelecidos
não sei se vou ou se fico
do que nem poderiam ter sido

as imagens que passam
os silêncios que elevam
as verdades compostas
muitas vezes trazidas
pela poeira do tempo

migalhas de meia lua
em mim assim flutuam
me deixando inteira
com gosto de lua cheia

escrevo no vidro da sala
sob a embaçada porta
versos que eram tão meus
verdades que foram mortas

histórias que eram compostas
palavras que escoavam
sem ter quem as contivesse
doce loucura em vão

talvez isso explique o vazio
da solidão e do frio
daqueles que não se prendem
em rótulos

 
 
Adriane Lima
 
 
Arte by  Jean Paul Avisse 
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