quarta-feira, 18 de março de 2015
No precipício da felicidade
Leminski debruçado a janela
observa as andorinhas lá no alto
olha, se contorce, ergue as patas
no desejo de alcança-las
elas, livres secam as asas
em suaves voos pelo céu
após a tarde chuvosa
ele, preso em acrobacias
em pleno chão de seu
viver de gato
não imagina de fato
testar uma
de suas sete vidas
dona de seu destino
cruzo as mãos
continuo a ler meu livro
e me lembro da frase
só voa, quem de céu é feito
não quem se atreve a fazê-lo
Adriane Lima
Arte by Chelin Sanjuan
A flor da beleza
Só quem acorda cedo
percebe o céu se distraindo
brincando de esconder a lua
dando nova cor ao dia
Só quem acorda cedo
caminha pela rua sorrindo
e tem olhos de se encantar
pelas portas dos armazéns
que vão se abrindo
Só quem acorda cedo
tropeça em um pão quentinho
e leva de brinde, histórias antigas
contadas por um estranho senhor
Só quem acorda cedo
percebe o diferente perfume de flor
no moço que passa, de cabelo lavado
ouvindo Steve Wonder no rádio ligado
como se fosse o dono da rua
Só quem acorda cedo
olha nos olhos daqueles que seguem
em destinos tão diferentes
Só quem acorda cedo percebe
a mulher varrendo folhas na calçada
enquanto cantarola uma cantiga de amor
Só quem acorda cedo sorri para a vida
em cadentes passos de pressa
ou em cochiladas distraídas
Só quem acordar
Só quem a cor der ao dia
de quem por ele passa
Só quem acorda cedo tem horas de sobra
para perguntar se vai chover ou não
desfolhando o tempo
Adriane Lima
Imagem Tumbr
Assinar:
Postagens (Atom)