quinta-feira, 22 de março de 2018
Corpo em casa
Nego olhar as horas
nem relógio tenho
meu marcador interno
por onde me norteio
é a hora que o corpo
tem fome
é a hora que o corpo
tem sede
onde está a hora
que o corpo tem vida
se a vida está
no caminho do meio
Adriane Lima
Arte by Aykut Aydogdu
Asas para esse tempo
Meu eu andorinha
viveu nesse verão
um janeiro silenciado
a voar em solidão
que no outono
meu eu andorinha
seque as últimas gotas
das águas de março
que vieram morar
em meus olhos
Adriane Lima
Arte by Edith Lebeau
um janeiro silenciado
a voar em solidão
que no outono
meu eu andorinha
seque as últimas gotas
das águas de março
que vieram morar
em meus olhos
Adriane Lima
Arte by Edith Lebeau
quarta-feira, 14 de março de 2018
Voo submerso
Eu hoje, tão ilha
tento encontrar continentes
cada pedaço distante
cada cadência fragmentada
de gestos e palavras
insurgentes
tantos meios para não justificar
um fim
Encontro-me ilha e declaro:
esse é o último naufrágio
de mim
Adriane Lima
Arte by Ricardo Fernando Ortega
tantos meios para não justificar
um fim
Encontro-me ilha e declaro:
esse é o último naufrágio
de mim
Adriane Lima
Arte by Ricardo Fernando Ortega
Uma possibilidade
Acredito que o amor
tenha imensas asas
para justificar levezas e
o tempo que passa despercebido
quando estamos sob elas reféns
Adriane Lima
Arte by
segunda-feira, 12 de março de 2018
Meu casulo azul
Eu, hoje, quem sou?
meu mundo, objeto tão
feito de questionamentos
sou as lembranças,
bagunças e andanças
que tentei organizar
meu baú de memórias
boas e velhas histórias
meu lugar de morar
o vazio do tom sépia,
com cheiro de algo guardado
por alguém tão particular
eu hoje, plena de vida
sempre a duvidar,
que tentei organizar
meu baú de memórias
boas e velhas histórias
meu lugar de morar
o vazio do tom sépia,
com cheiro de algo guardado
por alguém tão particular
eu hoje, plena de vida
sempre a duvidar,
da tal esperança contida
na bolha de sabão,
que se perde no ar
é brisa que passa,
é brisa que passa,
dor que transpassa e
eu sentada, na sala de estar
logo eu, que sempre mantive
a vida para cima,
tapando com unguento
os golpes de esgrima
as decepções que conduzem ao pensar:
talvez, meu lado de dentro
não seja tão forte
o de fora, entusiasmo, delírio
eu sentada, na sala de estar
logo eu, que sempre mantive
a vida para cima,
tapando com unguento
os golpes de esgrima
as decepções que conduzem ao pensar:
talvez, meu lado de dentro
não seja tão forte
o de fora, entusiasmo, delírio
vindos dos estragos e má sorte
onde o espelho me mostra
onde o espelho me mostra
diariamente, que sou perecível
e mesmo assim reinvento casulos
me guardo, e consumo
me guardo, e consumo
o fel das dores de cada mágoa
retida, que deixei passar
tudo arde, e me detém
fugir é instintivo
tudo arde, e me detém
fugir é instintivo
voar em poesia, todos os dias,
é livra-me desse campo minado
Adriane Lima
Arte by Miguel Angelo Avataneo
é livra-me desse campo minado
Adriane Lima
Arte by Miguel Angelo Avataneo
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