nem a falta de asa
nem a sobra de casa
é o caminho
é a tua hora
é a minha
é o tempo que se fez
indiferente, foi a gente
que culpa tem o mundo
se a porta está aberta
se o dia nasce
se a noite surge
dias iguais
os mesmos sonhos
os mesmos anseios
só o amor não veio
envelopes em cartas
não se usam mais
estamos sós
ele, ela, eu, você
- o mundo
dos sonhadores
dos coloridos
dos desgarrados
que se encostam
em cercas elétricas
e se agrupam
quando vem a chuva
quando vem o frio
quando vem a noite
unem-se ao rebanho
para esquivar-se do medo
para proteger-se da solidão
para encontrarem conforto
singulares, múltiplos
onde está o caminho
o elo perdido
as promessas vãs
onde está o grito
a carta de alforria
onde está o dia
em que a palavra
e a poesia
se tornariam sinônimos
de
ser
felicidade
Adriane Lima
Arte by Danielle Richard