segunda-feira, 10 de julho de 2017

Inocentes ou culpados



Chegará um tempo
que tudo o que vivemos
palavras que dissemos
deverão ser esquecidas
elas não serão mais nada
além de sonhos e desatinos
numa tentativa indisfarçável
de reter o que não mais abrirá caminhos

não diminuirá distâncias,nem
parcas e velhas lembranças
ou sonhos brotados entre meras ilusões

chegará um ponto
que nada mais fará sentido
além da máscara colada a pele
entalhada no brilho do medo
ou da decepção

um dia sentaremos na sarjeta
olharemos estrelas mortas
brindando o que sabíamos
ser só desejo

abrindo os abismos da alma
com a suavidade da voz
do grito contido
pela palavra que nunca foi dita

e que nunca saberemos onde foi parar
















Adriane Lima







Art by Aykut 
Aydogdu

A brevidade das verdades



Existe o espaço contemplativo
que desaprendi a deter
onde flores vistosas
perdem a cor, secam
em um tempo feito para morrer

Não poderia ser diferente
a visão dos dias idos
deixam apenas resistência
a minha interna vã filosofia

Tantas coisas simples morrem
em mim, e não há nada que
se possa fazer

areia em meus olhos
pesar em meu peito sempre desprotegido

Sussurro uma canção que gosto
para esvaziar o pensamento
algum vazio atinge os ossos
por essa eterna mania
de viver perdoando os fracos








Adriane Lima








Art by 
Aykut-Aydogdu
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