segunda-feira, 29 de julho de 2013

Sem tempo para as nuvens



Mais um final de dia
sem a poesia
dividir a escassez das horas
para me pertencer
ao luxo de ser poeta
ou aprendiz
saboreando a morte diária
penso no que anoitece comigo
por entre o tempo
penso no que me move
expresso o que me comove
e me fez chegar até aqui
cada ser que me atravessa
e me compõe
feito pétala
solta pelo tempo das decisões
vão se perdendo em esquinas
quem estará usando
aquele meu vestido de renda
bordado por mãos
tão delicadas
quem estará calçando
aquele meu sapato de lã
confeccionado pela
minha avó
as lembranças
amareladas
nuances brancas
em várias demãos
vão passando
passando em vão
o tempo e suas perdas
a maturidade e seus ganhos
no ir e vir das urgências
mais um dia se finda
restou-me a nostalgia
e uma "quase poesia "
apenas para deixar meu rastro
enquanto finjo que sou
quem eu gostaria de ser

 




Adriane Lima



Arte by Ernesto Arrisueño



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