O corpo caminha pelas ruas, que são oníricas
desfilam rostos desconhecidos (e são muitos)
passam, olham, admiram...
Aquele corpo corroído...
tempo, fábrica de memórias
do que ficou retido-
Que sonhos irrealizados teria aquele corpo, que agora caminha e ninguém o vê
-a não ser a carcaça
-a pele que cobre toda uma vida,
do que ficou retido-
Que sonhos irrealizados teria aquele corpo, que agora caminha e ninguém o vê
-a não ser a carcaça
-a pele que cobre toda uma vida,
tecido esse que se esgarça,
se desvanece e deteriora e
o corpo segue cumprindo
tarefas diárias, robóticas, obrigações
comer, beber, já nem faz sentido
o gosto, o prazer, o desejo,
tarefas diárias, robóticas, obrigações
comer, beber, já nem faz sentido
o gosto, o prazer, o desejo,
desse corpo já foram esquecidos.
Corpo refastelado de loucuras,
Corpo refastelado de loucuras,
de vozes que não o abandonam
(mas o que é a voz ante ao silêncio)
(mas o que é a voz ante ao silêncio)
diante de tantas torturas
Tempo...senhor impiedoso e cruel,
Tempo...senhor impiedoso e cruel,
que vigia estrelas em noites insones
faz do amanhecer o grande espetáculo,
faz do amanhecer o grande espetáculo,
nesse piscar de calendários
Outro dia a caminhar vai o corpo,
Outro dia a caminhar vai o corpo,
arrastando suas correntes.
Em que espaço estarão salvas,
Em que espaço estarão salvas,
todas as horas da alma presente?
Corpo, tudo fugiu, tudo passou,
Corpo, tudo fugiu, tudo passou,
como todos que por você passam.
Sem emoções ou piedade,
Sem emoções ou piedade,
desconhecem seus gritos de rebeldia
Adriane Lima
Arte by Ryuichi Sakai