domingo, 16 de novembro de 2014
Dança poética
Acreditei que bastaria
o aperto dos braços
a soltura dos pés
o desejo liberto
a memória trancada
no entanto, precisava mais
para essa gravidade
fazer minha alma
nascer de novo
sob a pele das palavras
Adriane Lima
Arte by Hamish Blakely
Arquivo morto
Hoje meu grande dilema
é ser mulher
não ser poema
de versos fadados
vivos de amor
hoje meu grande pecado
é ser poeta
de versos calados
mortos de dor
Adriane Lima
Arte by Ilse Klein
Flutuantes
A dor não só
nos faz mais fortes
como nos
permite escolhas
aprender a rir com elas
bem acompanhados
ou chorar delas
em solidão
Adriane Lima
Arte by Taty Ozanit
Entre espaços
Tem dias que sou rio
que não busca o mar
para desaguar
tem dias que sou rio
buscando margem
para encostar
só desejo proteção
que me ampare
Adriane Lima
Arte by Dorina Costras
Além de mim
Quando sinto
no pescoço um nó
é como a subida
da maré na areia
é onda que assola
vem vértebra por vértebra
dor que em mim passeia
a gélida sensação
me acompanha
dos pés a cabeça
mas é na garganta
que fica o pó calcificado
visível em minha nítida mudez
feito um coral quebrado
arranha, arrasta
onde a razão
que não entende de mares
vai e vem
com meus pesares
Adriane Lima
Arte by Anna Teresa Fernandez
Asa viajante
Ando em pele
tão escaldada
que a fria mão
da consciência
tem me servido
como aliada
Adriane Lima
Arte by Yohey Horishita
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