sábado, 25 de fevereiro de 2012

Asas perdidas



Entorpecida borboleta remontada
pousou em flores carnais
carnívora  ideia que apavora
os restos de ávidos mortais

Casulo envolto em teias
presa a argumentos banais
pobre borboleta vive a esmo
descobriu que já não voa mais


O azul de penetrante intensidade
paira no silêncio das manhãs
onde as horas são atalhos
recheados de indelicadezas vãs
e assim nessa frieza
borboleta não consegue mais falar

Tateante, mansa e sonolenta
abriu as asas para se olhar
acreditando no que outrora havia
em seu universo levitou
buscando forças
entre o céu e o mar


Saíra antes do casulo ???
gotas de chuva amoleceram seu escudo
corpo frágil, lento e vagabundo
pedindo a ela forças para levantar

Borboleta teve seus desejos dissipados
perdeu asas entre o sonho e o despertar
não amanheceu, sucumbiu-se ao silêncio 
das luzes envoltas ao luar





Adriane Lima





Arte by Dorinas Costras





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