Não é sempre
que se faz nascer
palavras
do útero seco de um
poeta
aborta-se a saudade
e os amores
para que possam
externar as
dores
serenidade nem sempre
é sua
grandeza
humildade nem sempre
é seu
esforço
e a pequenez desses atos
fazem o elo do
desgaste
então diário,
entre o poeta real
e o homem imaginário
e quando o poema já nascido
é lido, assumido e
mastigado
lá vem o poeta lapida-lo
para que pelos
olhos
dos demais ele seja
adotado
e o homem perde-se diante
de tal gesto
pela polidez de sua
alma
que esvazia
- eu bem sei
que preciso parir poemas
para agarrar-me a
terra
até a altura de
minha
vulnerabilidade ...
Adriane Lima
Imagem by Steven Kenny
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