quinta-feira, 6 de março de 2014
O silêncio dos hibiscus
Minha natureza é estranha
a raiva me sobe
o sangue me jorra
e fico ainda mais efusiva
minha dor está nas linhas
meu eu nas entrelinhas
ambos se manifestam
e continuam lutando
na alquimia dos sentidos
entendo as energias
dou cor as euforias
muito embora poucas restem
no fundo não lamento
talvez o esquecimento
seja a maior redenção
alma que não fala
aprisiona o grito
já adiei tanta sede
frente ao copo
já sequei tanta água
dentro ao corpo
a vida cobra uma rotina
tomo um café na cama
abro as cortinas
vejo um céu nublado
pressinto ser pecado
me entregar a escuridão
deixo então, tudo fluir
o melhor sorriso a me vestir
embora dentro esteja em febre
reajo a toda combustão
raiva, incerteza e solidão
e a química produz efeito :
vou de frente ao espelho
me permito então errar
ao ter tentado enxergar
alento onde não havia
respiro fundo todo
esse sacrilégio
de um dia ter escondido
o tédio, que era viver
te inventando para existir
Adriane Lima
Arte by Alessandro Marziano
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