quinta-feira, 3 de abril de 2014

Bendita carne amorosa





Peço ajuda
aos meus versos
pelo simples medo
de jogar meu medo fora
lateja na carne a memória
onde já morou a juventude
compus uma legião de sonhos
que agora correm atrás de mim
feito lobos sedentos
a parte humana sangra
o fatalismo de meus gestos
testemunhados sob paredes
entre a beleza e a bondade
das escolhas
- o vil grito da morte súbita
embora o laxismo dessa possibilidade
não alcance o que foi demarcado
humanos apelos desperdiçados
já não berro feito animal
em sua pré morte
que jura crer em amabilidades
renuncio o leito em meu sossego
fechando imagens entre as palavras
da mesma forma que me vejo
metade santa exposta a carne
diante a infiel ovelha que assim luta
desembocando a via Crucis
entre o rebanho escolhido a dedo :
sou personagem ávido de aventuras
e não a vítima de mim mesma 










Adriane Lima








Arte by Nikas  Safronov

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