quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Lamento de sereia




Ele me chamou para ver o mar
dançar com ele uma valsa na areia
ser a sereia que o tempo não desfaz

Aquela que mora no fim dos versos
dos poetas que escrevem sob a lua
e trazem o murmúrio das ondas
nos cabelos revoltos ao vento

Sendo eu, sereia, respondi :
- eu te salvo de mim
não guardes dentro de ti meu nome

Meus pés cravados em pedras
não saberiam te acompanhar
meus olhos insones secaram
os mares que me cercavam

Meus ouvidos fecharam-se
a todos os versos de amor
que por mim declamaram

Eu te salvo de mim
e de toda minha metade mulher
a outra metade peço-te agora
mate-a !!!
Como todas as outras vezes
que me mataste por inteiro

Depois, degusta-me feito o peixe
que vem na rede do pescador
que sai sem temer o mar e
reza acreditando nos orixás

Cada pedaço meu, pulsará em
tuas entranhas e entenderás o
meu canto : eu te salvo de mim






Adriane Lima 








Arte by Victor Nizovtsev




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