Avisto a caverna
proteção maternal que celebrei
não colho as vinhas do castelo
não suporto a soberba dos reis
Mergulho fundo no que dói
no que não posso sangro
de resto, dejetos, bem sei
Nada possuo e assumirei
rindo dos dias que me restam
enquanto bebes o bom da vida
brindo a cicuta com os miseráveis
que são de meu clã
É meu naufrágio clandestino
nessa ilha que escolhi por solidão
o vento fala mais que muitas vozes
silêncio abrasa mais que muitas mãos
Persigo as vontades dos que se acreditam santos
mato os fantasmas dos que realmente são
vejo queimar a última brasa sobre o vidro
tudo já foi inventado , tudo já foi vivido
Não há nada de muito que valha meu sangue
é peito arrebentado por dentro
as dores marinadas em álcool
é missa de muita
conversa
onde sigo buscando a explicação cabível
para esse filme sem palavras
que me obrigou a hibernar
Adriane Lima
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