quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Poema existencial



E eu ali inerte
a olhar a parede que descasca
o mato de cresce absurdamente
as telhas que mofam com as chuvas
o armário cheio de roupas que não servem

e eu ali inerte
a olhar as teias de aranha pelos cantos
as cartas de amor amareladas
as fotos até então guardadas

e eu ali inerte
a olhar as rachaduras sob a escada
a champanhe que aguarda o melhor momento
o espelho que compõe tantos silêncios

e eu ali inerte
tomada por pensamentos inéditos
e desejos de ver o mar






















Adriane Lima










Arte by Barney Corteau




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