segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O solo ácido das lembranças



A cada manhã que nasce
procuro-me desesperadamente
desapareci lentamente

pedaços soltos no caminho
de tudo que fui e
sei perfeitamente
onde morri mil vezes

renasci teimosa
querendo num suspiro
tudo mudar
das pequenas coisas
ao mais interno mar

dores, pó, silêncio
contemplação, sonhos e
acima de tudo ilusões

plantei e colhi tão pouco
tudo em comum acordo
por sempre escolher
semear a paz em meio as guerras

busquei mãos no alto do abismo
o que sou em mim não há explicação
há um grito preso na garganta
de ter escoado minhas certezas

ingenuidade mergulhada em epifanias
do que há no peito entre as mágoas
que são de minha natureza













Adriane Lima













Arte by Alessandro Della Pietra 

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