Fim de tarde chuvosa
pouso o olhar sobre a minha janela
onde o vento se perde inquieto...
Pássaros gritam em revoadas
são andorinhas
que giram no céu cinzento
Sinto aroma de terra molhada
solidão e mais nada
O tempo me cobre com seu manto
sou a cor do silêncio cinza da tarde
escrevo a palavra que não existe
onde tudo em mim é só saudade
fragilidade que transpassa a pele
vozes mudas de uma verdade
As úmidas gotas precipitam minhas emoções
me convidam a lavar a alma
e fazer melodia pisando em nuvens
para adornar o canto dos pássaros
Súbito, uma emoção gelada
percorre meu corpo
Sinto a pele eriçada à flor
de tantos sonhos não vividos
mas nem por isso menos sentidos
Abro os braços ao céu
como quem bendiz
o que me é ofertado
Quero, quero, quero vida
quero, quero, quero luz
quero-quero, meu amor
quero, quero, me traduz
Adormece em mim então
o sonho como um rio
que sente suas águas represadas
Olho ao longe e me questiono:
qual o caminho das água
e dos sonhos que são livres
diferentes dos que em mim componho
Adriane Lima e Orlando Bona Filho
( Imagem Laura Blank )
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