quinta-feira, 29 de março de 2012

Poema do tempo



Nunca sei ao certo
o real movimento
se é recuo ou volta
esse eterno tormento

fico atada
aos velhos detalhes
nunca estabelecidos
não sei se vou ou se fico
do que nem poderiam ter sido

as imagens que passam
os silêncios que elevam
as verdades compostas
muitas vezes trazidas
pela poeira do tempo

migalhas de meia lua
em mim assim flutuam
me deixando inteira
com gosto de lua cheia

escrevo no vidro da sala
sob a embaçada porta
versos que eram tão meus
verdades que foram mortas

histórias que eram compostas
palavras que escoavam
sem ter quem as contivesse
doce loucura em vão

talvez isso explique o vazio
da solidão e do frio
daqueles que não se prendem
em rótulos

 
 
Adriane Lima
 
 
Arte by  Jean Paul Avisse 

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