Lateja in memorian o que sinto
a carne de outrora
não satisfaz mais o desejo
o mundo se acostuma
ao que é do homem
Volúpia consumida entre dedos
escorre por todo corpo
indiferente a dor alheia
que sabíamos ser o escape
ou solução ao segredo
Se pudesse encontrar uma palavra
que descrevesse tudo que penso
dessa vaziez de sentimentos
Cárneos, olhos carmim
o cheiro do desconhecido
nos corpos nus amanhecidos
sonhamos ser o que não somos
A carne saída do cotidiano espelho
carne da tua carne
eu não a adentro, ela adentra em mim
Penumbra difusa que atravessamos
projetada no vil entalhe
que já não importa tanto
o que tínhamos em mãos
o que tínhamos em mãos
era tão mais significativo
Vocifero o que não pode ser domesticado
a dor, ao que verdadeiramente sentíamos
era gozo de alma, na leveza que aos poucos
habitavam seus olhos ternos
Vocifero o que não pode ser domesticado
a dor, ao que verdadeiramente sentíamos
era gozo de alma, na leveza que aos poucos
habitavam seus olhos ternos
e foi morte aos atos provisórios de outros
hoje mundos desabam onde
hoje mundos desabam onde
a carne respira mesmo distante
entre ensejos falaciosos e indiferentes
Adriane Lima
Arte by Cristhina Fornarelli
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