segunda-feira, 28 de abril de 2014

Entre o céu e o verso





Depois que te vesti
já não coube em mim
a minha própria pele

através de teus olhos
arrebatei a fome oculta
que a muito me aquietava

neste desejo sonoro
permanece a tua voz
em meu íntimo chamado

ao sabor da mansidão
desaprendo o destino
abro asas sobre o tempo
rasgando o chão de ausências

as palavras hoje voam
trazidas pelo vento
onde anseio
epidérmicas formas de encontro

meu querer é reflexivo
guardo o verso
entre a nesga da memória
e meu coração de poeta

sob o instantâneo da tarde
vejo o horizonte sem fim
e sei que não sou exílio
por tudo que habita em mim



 





Adriane Lima









Arte by Dorina Costras


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