quarta-feira, 1 de maio de 2013

Poema ao Revés





A língua adentra o poema
abre a cova e fecha a alcova

joga óleos aromáticos
no esquecimento

faz-se a musa
desfaz o rito

corpo que deseja
o inesperado
por pura consequência do gesto

músculos enternecidos que por
venturas estremem o grito

ecoam na cadeia alimentar
a fome de volúpias
e sopros no ouvido

faminta luxúria
prometida
ante o dedilhar de palavras
avessas ao toque

arrepiando nucas
de universos femininos

menos pela voz enfeitiçada
menos pela fala erotizada

diante a florescência da fêmea
que se escondeu por trás da fresta
e caiu diante os mitos

Afrodite há tempos desceu do Olimpo
e a mulher fez escolhas por essência
mesmo calando a mais bela previsão dos deuses
conhecendo então, territórios envoltos em simbolismos ...

 



Adriane  Lima



Arte by Raul Villalba 

2 comentários:

  1. faz-se a musa... filomusia... a nossa lingua é fonte de poéticos prazeres...

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  2. Universos femininos muito bem desenhados pela poesia. Amei, Adri.

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