Me pego múltipla, pétrea
dilacerada, alinhavando cantos
esquinas, ruas e estradas.
me transformando em outras
reinventando para ser menos
aérea, menos etérea e aceitar
o peso do corpo diário
ser parte do mobiliário
linhas, contornos, estética
pertencer a algo ou alguém
me penso, me repenso
fingindo não saber voltar
desejando não temer
a verdade, a maldade
e ainda assim ser eu
andante entre céu e ar
mesmo que tenha me perdido
mesmo que tenha te perdido
que o vivido tenha sido
um átimo desconhecido
daquilo que eu imaginei
ainda assim terei sido eu
em cada envergadura
de meu corpo
em cada laceração
de minha pele
em cada embocadura
de meus lábios
em cada silêncio onde
hoje morro
Bordo-me em (des)encontros
entre os alinhavos que me
cegavam até aqui
Adriane Lima
Arte by Andrew van der Westhuyzen
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