terça-feira, 2 de setembro de 2014

Desiderata

 
 
 
Minha alma dói
indecifrada orquestra
em desarmônicas
vozes que chegam
 
eclodem gritos
na manhã morta
de mais um dia
tambores uníssonos 
de um velho índio
 
busco a gratidão
de meus ancestrais
solo sagrado
céu acima
 
conviver entre
meu jardim e
meus bichos
a flor aberta
a rama seca
 
o segredo
do dia
sem som
a hora certa
o mesmo tom
 
canto, cantares
cantilena
dor de mãe
dor de filha
dor de olhares
 
me quero sinfonia
habitável sorriso
vivo um tempo
impreciso, entre
um acorde e outro
 
estou beirando misérias
estou gritando pilhérias
 
zombo de minha dor
vou aumentando a
música do destino
enquanto morro
em meu silêncio
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
Arte by François Freissinier 
 
 

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