O poeta lê meus versos
e com seus olhos de boca
indaga-me entre sorrisos:
qual a dor que em ti
não aceitas ?
minha boca irrigada
pela saliva do espanto
entre lampejos responde:
a primeira vez que senti
quebrarem meus ossos
era dor desconhecida
embora ferida, não me
percebi no chão
...me arrastei
até encontrar um lugar
de repouso e ali
permaneci quieta
fingindo resistir
pela natureza da vida
os ossos colaram
embora não me
permitissem correr
como antes
-era só Paz que desejava
imbuídos de poder e
orgulho, quebraram meus
ossos de novo
impossível não cair de
joelhos, ganir feito
animal desprotegido e
me esconder mudando a
imagem, até do espelho
mental
fixei-me em um lugar
de solidão, embora cheia
de vida, não mais desejava
a humana sensação
- da crença
- do amor
- da compaixão
entre espaços reduzidos
de homens e seus desejos
senti a vida refratária
já não sabia mais se
tudo que aconteceu
fora ódio ou amor
não queira entender
minhas escolhas, nunca
quis enfeites, nem ataduras
nem colo, nem medição de
minha humana dimensão
não guardo ódio
rancor e nem esperanças
joguei fora até mesmo
os raios X das fraturas
e arrependo-me
poderia usa-los
para ver o último eclipse
aceite poeta como
resposta a minha dor
esses versos
esses versos
de um poeta maior
que diz assim:
" Como pode um louco que a si próprio se chama "Eu" supor que entende um não numerável quem?"
E. E. Cummings
Adriane Lima
Arte by Anna Hammer
Nenhum comentário:
Postar um comentário