Vertigem, pensei:
memoráveis tardes
infinitos mergulhos
águas que atravessei
num canto de solidão
deitei de cabeça para baixo
criei uma nova visão
para meu mundo
fui vendo as coisas
sem o medo das cobranças
sem o olhar desanimador
tirei o peso dos ombros
e das margens que me oprimiam
de cabeça para baixo
me sustentei
olhei a chuva que caia
transpassando o dia
e me vi também mudando
com o sol, me animava
com a chuva me aninhava
e senti a grandeza das surpresas
vento rasgando sorrateiramente o meu viver
reinventei meu universo
sem verbos, sem verbetes
calcei um salto e com classe
voltei ao chão
pés para cima, pés para baixo
fluxo sanguíneo correndo forte
giros em mim mesma
encantada entendi de ângulos
e cismada percebi
que a vida era nada
diante de meus planos
triste é nunca se perder de amor
nunca mudar através da dor
passageiros da ilusão
ignóbeis são, os que se fixam
em vestígios de uma vida igual
nunca viraram-se de cabeça para baixo
e não sentiram os pés tocando o céu
Feliz estou, em ser quem sou
agora o Yin e o Yang equilibram-se em mim
Adriane Lima
Arte by Ed Serecky
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