Acordei com os olhos iluminados
um brilho de magia vinda
do doce de uma flauta
que ainda ecoava em mim
Essa cidade nunca dorme, pensei,
e seu sonambulismo promove
o belo e o ruim.
e lá estava eu, acordada
dentro de um domingo qualquer
Enxergando a vida sem heroísmo
através daqueles que não
entendiam de poesia e vagavam
entre muros pichados onde eu,
não encontrava palavras
-além de dor, dor e dor -
Os prédios ocupados por miseráveis
tampando entradas com pedaços
de madeira, escritos frases de esperança
e flores enfeitando paredes
desgastadas pelo tempo.
Meu olhar atônito que a tudo absorvia
embaçava-se nos vidros confortáveis
do carro importado, onde seguíamos
ouvindo nosso jazz requintado
e nossa enfadonha meritocracia
Através de seu sorriso e seu olhar
de nostalgia, me apontava a arte
onde só tristeza havia.
Quase que gritei: pare, eu vejo
em cada pessoa que passa, em cada
esquina que cruzamos, a solidão humana
estranhamente ímpia e perdida.
Mostre-me onde a vida arde
e a beleza não entra em combate
com essa tal filosofia :
"o que não mata, fortalece"
quero blindar meus sentidos
para esse dia
Adriane Lima
Arte by Sean Moro
Nenhum comentário:
Postar um comentário