- Hoje ao ler um "email" desses assim sem pretensões que recebi me peguei a pensar o que fomos nós dessa geração hoje de quarentões,cinquentões...
Onde dizia assim:
Sobrevivemos...
Não tínhamos tampinhas protetoras para chupetas ou mamadeiras, nem nos frascos de remédios, portas ou tomadas, e quando andávamos nas nossas bicicletas, não usávamos capacetes, isto sem falar dos perigos que corríamos quando pedíamos caronas.
Sendo crianças, andávamos nos carros sem cintos de segurança, air-bags e não ficávamos só nos bancos de trás...
Comíamos bolos,tomávamos água de torneira, pão com manteiga e tomávamos refrigerantes açucarados, mas não ficávamos gordos de ficar lesos,simplesmente porque saíamos de manhã e brincávamos o dia inteiro, desde que voltássemos antes das luzes da rua se acenderem.
Passávamos horas construindo carrinhos de caixote para deslizarmos morro abaixo e só quando enfiávamos o nariz em alguma arvore é que nos lembrávamos que precisava ter freios. Depois de alguns arranhões, aprendemos a resolver isto também, por nossa conta...
Não tínhamos Playstations,nem 99 canais de seriados violentos ou novelas peçonhentas, nenhum filme em DVD ou VT ou VHS, muito menos telefones celulares, ou computadores de bolso, ou Internet etc...
Tínhamos amigos e saíamos as ruas e os visitavamos sempre e sempre conhecíamos novos amigos pessoalmente.
Tínhamos liberdade, podíamos errar, fracassar, ter sucesso e responsabilidade, e aprendemos que não há nada melhor que ter
NASCIDO LIVRES POIS SÓ ASSIM APRENDEMOS A VIVER E SOBREVIVER!
VOCÊ que está lendo provavelmente é um de nós.
E por ai vai....
E foi ai que pensei onde estamos errando tanto e sofrendo.
Não é que não existe um aumento absurdo na violência e sim um aumento absurdo na fala de leis, de justiça comum e de prontidão.Quem faz algo errado precisa ser julgado e por leis verdadeiras,seja ele quem for.
Vejam bem, o cara que vendia antigamente um móvel para meu pai e dizia que era Jatobá, venderia um de jatobá e não de outra madeira,um cara que venderia uma ilha sem que meu tio fosse lá ver, mas que fosse honesto venderia a tal ilha como ele a descreveu.
E assim por diante, por que? Pelo simples fato das pessoas serem honestas, por que valia mais uma palavra do que um documento e as pessoas honravam a tal palavra...
E hoje....?
A maioria ensina até pela sobrevivência que a tal da lei do Gerson é boa, que levar vantagem vale a pena e que com amigos nem é melhor fazer negócio...que pena, perdemos muito,além da dignidade ,perdemos a fé, o acreditar nas pessoas.
Aprendi quando criança que amigos não traem,não desejam nos passar a perna, não precisam ser melhores.
Mas, na atual sociedade não é isso que vejo e sinto,as pessoas não acreditam mais na palavra,vivemos ariscos com os vizinhos,com o cara que senta ao meu lado,olhamos desconfiados até na fila do banco e buscamos soluções de paz e convivência.
Arrumamos inquilinos vigaristas, que nos passam a perna e a justiça lenta nos faz perder crédito e credibilidade e como continuar acreditando?
Aqui pensaria como Maiakovisk : um dia levam a flor, no outro o jardim inteiro...
Está difícil acreditar na raça humana,na ajuda sem esperar nada em troca, no desinteresse, no amor incondicional e sem vantagens.
Que dureza lidar com tudo isso nós que fomos e viemos de uma época tão diferente,somos obrigados a engolir a seco os golpes, os nãos da vida e as falcatruas da justiça.Aliás...que justiça?
Quem mata vive livre e nós pagamos condomínios caríssimos para vivermos intra-muros.
E ainda somos chamados de fracos por não sabermos lidar com pessoas desonestas e vingativas.
Acha pouco??Eu não,detesto conchavos,meias palavras e mentiras.Não sei lidar com pessoas que vendem suas almas por garantias de felicidade, de pessoas que matam sem motivo,que são gananciosas,que acham que sempre estarão impunes.
O mundo anda povoado de gente assim mas, por culpa nossa....
Que perdemos o fio da meada em acharmos que nossos pais eram severos demais e abrirmos mão de ao menos um terço da rédea curta nas relações inter-pessoais e agora reclamamos de tamanha liberdade.
Não vejo liberdade,vejo desconfiança, vejo pessoas que desejam ser como os tempos de sua infância acreditando nos vizinhos,nos amigos e nas pessoas que conheciam,Hoje mal chamamos alguém mesmo de amigo...de verdade!!!
Mas, cantamos as velhas canções, gostamos da moda que hoje chamamos retrô, queremos o antigo povoando nossa nostalgia,sonhamos nosso filhos livres,parques,praças e pessoas que amem o que fazem e não o poder,pessoas que não joguem sujo,pessoas que se aproximem por quem nós somos e não pelo que temos...
Você já se perguntou por que?
Porque eram tempos de confiança na palavra...
Porque eram tempos de confiança no humano...
Porque eram tempos de verdade e olho no olho ...
Onde jamais um construtor colocaria a vida de jovens em risco,autoridades levariam a sério um alvará,policiais estariam sempre prontos para defender jovens,produtos jamais seriam adulterados,tínhamos credibilidade nas pessoas e seus cargos.
Hoje nem mesmo chefes de Estado tem credibilidade,hoje nem autoridades máximas são confiáveis.
Tudo por conta de uma justiça falha, ganânciosa e despreparada.
Tudo porque humanos demais erramos e hoje humanos demais pagamos por nossos erros.
Seria esse o resultado do tal:
Olho por olho,dente por dente...
Sinto medo quando penso literalmente nessa frase
e nessa fase que estamos vivendo...
Adriane LimaArte by Caytano Arquier
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Crônica : Novos Tempos Surreais
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