Acredito que não seja tarde
para extrair o melhor de mim
a metamorfose entre as cores
internas da alma
e as externas do cotidiano
não, não é tarde
para expulsar a invisibilidade
mesmo avistando poucas paisagens
da janela de meu quarto
com todas as canções que já ouvi
saberei escolher a melodia
com todos os céus que percorri
haverá um que me irradie
na sinceridade poética
além da fantasia
o humor encarnado
em situações simplistas
além de gestos infantis
que um dia me levariam
ao divã de um analista
não, não é tarde
para aceitar que se pode
mudar de cidade e não ser bairrista
que se pode sorrir não só para
fotos, imitando poses de revista
não é tarde para rasgar o verbo
e deixar os versos comedidos
serem o alvo e o excesso
do amor sofrido
enquanto muitos afligem-se
com a lagarta ali escondida
já se prepara em silêncio
a borboleta multicolorida
não, nunca é tarde
para estancar feridas
e soltar os gritos contidos...
Adriane Lima
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