quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Olhos Calados



Eu choro todos os dias
são lágrimas
são cristais
são vegetos de nostalgia

Encaro as sombras,  finjo não ser eu 

meu corpo não obedece
e feito mergulhador
a espera de respirar
espero alguém, que venha me salvar

Já não lembro mais como são meus olhos
sem ficarem assim perdidos

sem ver cor fora da imagem
que ele tem projetado no infinito
 são dias e noites em preto e branco
vividos em minha retina

Estou cansada de tudo isso

de ser tão frágil minha sina
mantenho meus olhos abertos
mas me sinto sempre, clandestina

A realidade definitivamente

não foi a que escolhi,
desde menina
entre felicidade e impropérios
vozes que finjo que não ouço

Meu despertar é obrigatório

espero a noite, com alvoroço
me envolvo e reinvento modalidades
mazelas entre dores e punhais

Apagar as luzes, estar em paz

hoje, só me dói, a dor que não me sai

 



Adriane Lima






Arte by Sergey Ignatenko

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