Construo palavras artrópodes
proteção que não caberiam
em nenhum corpo
palavras em exoesqueleto
armadas, duras, revestidas em segredos
palavras inúteis
tão híbridas que não servirão
para nada
as palavras sendo signos
vindas de um monólogo divino
entre Eu e meu próprio umbigo
palavras artrópodes
me desamparam ao menor
sinal de perigo
palavras cheias de dedos
silenciam a pulsação do universo
em meu poema
não construo palavras artrópodes
sílabas frágeis, esvoaçantes
palavras me escapam e sobrevivem
da minha falta de sorte
Adriane Lima
Arte by Prashant Nayak
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