Maldita rosa dos tempos
que murchou em meu peito
nada sob o sol floresce
sem a essência da paixão
valeria cada flor, que não
cravada pela ingratidão
da realidade fadada
quando se olha ao infinito
não tive dó de arranca-la
do peito
nem menos ousei
um grito
as mãos sem digitais
não levavam palavras
o buquê de verbos
podados pelo destino
não encontrou rimas
capaz de nutri-lo
da solidão plural
em verdades seminuas
abriu-se -
rosa composta por
pétalas de dores
resto de amores
risos malfadados
ombros pesados
gestos ambíguos
bem querer a fazer com suas pétalas?
coloquei-as para secar em um livro
uma pela fúria
duas pela ingenuidade
três pelas horas perdidas
quatro pela insensibilidade
cinco pela inquietude
seis pela desilusão
mal querer a fazer com suas pétalas?
rezei porque virei a página do livro
uma pelo esquecimento
duas pelo
cansaço
três pelo medo
quatro pelo jogo
cinco pelo ousado
seis pelo todo
doze pétalas contei
materializadas em minhas mãos
amassadas e sopradas
para semear outros jardins
onde eu não mais reconheça
partes que me vestiram
Adriane Lima
Arte by Drew Darcy
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