A vida vazia nada possui
a vigilância é agora o embate
por um tempo, meus pensamentos,
dores e lembranças, não mais
deixavam-me dormir
Nunca entravam num consenso
e todos os pássaros lá fora,
anunciavam o dia
A cabeça refluía anarquias,
como um diálogo, entre meu lado
analista e meu lado escapista
- estava criado meu vazio existencial
Acordara meu passo em falso e
a sofreguidão, minava por dentro
minhas táticas de guerrilha.
o pior tormento era saber-me forte
e tolhida da cabeça aos pés
Vivi pela necessidade de esquecimento
do que nunca fora esquecido
cada trincheira cavada à unha,
onde combati minhas misérias
O tombo numa esquina qualquer
-a ferida que nunca cicatrizou-
estava vazando novamente,
ulcerada, impregnada de artifícios.
por onde palavras doces escorriam
pelas amolecidas cascas
Nesse fel, se aproximavam as
serpentes com suas línguas bífidas
e a emissão dos falsos profetas
também percorriam esse caminho
Suavemente navegavam
suas imagens em minha mente
e, ao fechar os olhos
indagava-me : sou eu essa ?
A que ri das escolhas e fala
em desapegos e ausências
tão naturalmente
rodeada por cadáveres
acalentada pelas mãos
mágicas do destino
Quisera vestir uma couraça
contra todo o mal que já
sei reconhecer.
eu finjo não entender o
meu inferno, e Dante
nem perante a mais nobre
ilusão de céu, me convenceria
Meu momento circunstante
é o jogo que dialoga
com o resultado, onde
a verdade não combina
com arrependimento
meu espírito entende as
masmorras do corpo
meu corpo enaltece a
liberdade do espírito
As folhas caem
as lágrimas caem
com ou sem minha
permissão, do que sou
dona então?
E, é essa dicotomia que
se equilibra entre cada
possibilidade poética
e a certeza de que :
-poesia não gera poesia-
em meu peito devorado
Adriane Lima
"Quando alguém escreve acerca dos
acontecimentos
da sua própria vida, é regra de delicadeza
não dizer nunca
a verdade, mas reservá-la para si
e permitir que só se reflita de diversos ângulos"
Kierkegaard
Arte by Mônica Hernandez
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