segunda-feira, 12 de março de 2012

Ode à transparência




Há tantas mortes por ai
rompendo a trajetória
do que seria o certo da vida
nascer, crescer, morrer
entre chegadas e partidas

Levando sonhos entre ventres
e tantas outras despedidas

A curva, o voo, a viagem
procura à cegas, por nostalgia


Há tantas mortes por ai
que viram filosofia

Matar, morrer
morrer, matar

noite e dia
 

Feridas abertas
olhos fechados
irmandade desigual

Homens zumbis transparentes
pedem no sinal
reluzentes seres, invisíveis
aturam silêncios e desprezos
em sua trajetória de segredos

Matéria primária
realidade amarga de respirar
 e ser vazio de repente
ação contrária da natureza e fé

Loucura, maldade
terror e insanidade
 

Noite vazia, quase profecia
de quem suporta tudo :
estragos, trocos, solidão e miséria

Morte que se faz caminhar a pé...

 


Adriane Lima














Arte by Ans Markus

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