De súbito entro
pelo pedestal do poema
de baixo para cima
fez se o sentido
e cruzo as mãos
em meu peito
pelo espanto do que
foi percorrido sutilmente
a emoção de estar dentro
e ainda assim
apartada do outro
e saber-se desejo e fome
como fruta macia
que vem próxima a boca
e docemente
lhe cravamos os dentes
aos poucos lhe dou meus dedos
peço que cheire, sugue e
analise com verdades
vivo o séquito dos verbos cabíveis
e dos que não cabem
pratica-los com amabilidade
diante de tamanha força
seguro-te os pés
fetiches de uns
esconderijos de outros
essa densa raiz que
não nos permite
voar sem limites
ponho em minha saliva
o sabor das vontades
assoprando nas dobras do tempo
antes de chegar aos joelhos
para que a reza sussurrada
meça o fogo pelo frio
e se manifeste além da alma
faço uma ode ao anseio
e então, indico em tom ganido
para que segure firme o ilíaco
sinta o osso por completo
e sem pudor solte a
tua força na carne
me sirva a primeira dose
brindemos o liquido exposto
há um rastro de odores misturados
indicando os caminhos
depois disso
- deixe-me
minha alma cheira terra
recém remexida
reconheço-me em
cada fase, hoje não sei
se rosa, miosótis, orquídea
- já não me importo
sei que a flor dos poemas
jorraria suas sementes
em diversos tipos de terreno
as direções sim
mudam constantemente
assim como os ventos
os sentimentos
é a vida que segue
fratura exposta
em casca e sumo
levanto para caminhar
com a humanidade
estejamos convictos
que nada é para sempre
além do que se fixa na carne
Adriane Lima
Arte by James Neddhan
Absurdamente sua poesia está esplendidamente maturada!!!
ResponderExcluirObrigada Nane, você sabe o quanto seu comentário me deixa feliz!!!
ResponderExcluirQue a poesia nos exista e resista, sempre !!!!