Nem todas as palavras me cabem
em horas cotidianas
são visões emolduradas
através do vidro empoeirado
onde um leve sopro de aragens
me faz companhia
Meus olhos que sempre viram tudo
agora embaçados, se negam o longe
Chego a brincar de desvendar o outro
o que pensa a moça que olha o céu
o velho que pausa de cabeça baixa
o cão que se lambuza de restos
Somos marionetes da rotina
a correria não nos deixa ver
em um universo tão visual
Letreiros, sinais, setas, indicam o vazio
de um cordão umbilical que se partiu
e tudo, é tão nada
Sou meus olhos,
a procurar uma solidão vasta
enxerguei tarde
no desvão de imagens
Onde tudo são sensações
sem linguagem
do tempo íntimo da vida
Adriane Lima
Arte by Xavier Pesme
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