Das inúmeras razões
Nunca me salvo de mim mesma
aprendi a morrer todos os dias
afogada, decapitada, pisoteada
morro com as vísceras arrancadas
sob o olhar sádico dos que me cercam
sou a única que habita minha solidão
permito degolar-me para o silêncio
ser minha eterna aliada
diante dos lobos e homens lobotomizados
brindo com eles o mais puro vinho dos deuses
em grandes goles desse rito diário
que é ver a morte aconchegar-me
nos braços amantes e amigos
de quem já matei bem antes
em cada manhã distante
Adriane Lima
Art by Juan Medina
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