Será o fim do mundo??!!...
Se tem coisas que me assustam, ver o fanatismo é uma delas. Ouvi numa reportagem nesta semana um "pastor" que levou duas famílias à destruição. Sumiram, deixando para trás, casa, parentes, imóveis, escreveram apenas um bilhete onde diziam que estavam seguindo as palavras de Deus e iriam seguir o "arrebatamento".
E desapareceram sem deixar pistas...rasgaram seus RGs, dinheiro e tudo mais que os "prendia aqui na Terra".
Para quem não sabe, "arrebatamento" significa, para os cristãos, a segunda vinda de Jesus à Terra, onde os justos seriam salvos e gozariam a vida eterna, a criação seria renovada e os maus seriam condenados à eternidade sem Deus, que é o inferno.
Tem gente que tem tanta fé em desgraças que me preocupo onde isso vai parar.
Tudo bem que o mundo não anda lá a mil maravilhas, que temos tido terremotos, tsunamis, vendavais, chuvas demais em lugares que nem chovia antes, mas daí acreditar que chegamos ao fim do mundo já acho um pouco de exagero (que bom!), porque amo tanto viver que temo assistir a essas profecias de fé.
Temo mesmo que o mundo esteja acabando, que seremos "arrebatados", que dias de escuridão se abaterão sobre nós.
Claro que fanatismo e profecias sempre existiram, mas daí criar seitas e sair fazendo pessoas ingênuas sofrerem já é um pouco demais para minhas crenças.
Sempre segui histórias de "loucos" que criam espaços dentro da fragilidade humana e é nessa hora que o pior acontece.
Mas não estou aqui para questionar a religiosidade, nem a fé de ninguém.
Quero falar sobre situações onde pessoas mal intencionadas tiram dinheiro através da fé alheia.
Claro que ninguém precisa ser conivente comigo, mas é mais produtivo batalhar pela erradicação de "gente mal intencionada" do que tornar nossa vida ruim, pelo medo de pensar em religião como um marcador do bem e do mal.
Claro que não devemos nos calar diante de tamanha violência urbana, tanta corrupção, injustiças, o descaso com o meio ambiente, mas daí criar polêmicas e prejudicar o bem-estar de famílias que têm boa fé, já acho demais!
Muitos se beneficiam através da fraqueza de conhecimentos históricos e, por que não dizer, culturais. Religião para mim envolve paz de espírito.
Não é preciso ser profeta para ver que o homem está acabando com o planeta, que a ganância de muitos alterou o clima, o solo, as vegetações.
E como conter tudo isso diante de uma natureza que pede socorro?
Eu temo, pois tudo são ciclos, e acredito no velho ditado: "cada um colhe o que planta"...
O que temos plantado de bom, de saudável ao nosso redor?
Quantas pessoas não têm nem tempo para saber o que se passa na própria família, na vizinhança, no amigo que sofre calado, quem dirá se preocupar com o planeta Terra, no "macro" cosmos...
Nessa hora, quando sofremos as catástrofes, aí sim ficamos alertas, tememos por nossas dores, por nosso egoísmo, por nosso micro cosmos, queremos a paz próxima. Mas como alcançá-la se não temos a paz de tudo que nos cerca?
Será tão difícil imaginar que todos precisamos de equilíbrio, se a ponte caiu ali hoje pode ser que não seja lá meu caminho, mas também pode ser que amanhã seja.
Não é difícil imaginarmos isso, pois a vida faz planos, altera nossos dias e às vezes só percebemos a mudança quando realmente já estamos envolvidos nela.
Morremos um pouco todos os dias, e nessas mortes básicas devemos pensar não com o ego, pensar em como se salvar, e sim em como salvar o que está ao redor. Aqui incluem-se amigos, vizinhos, o cara da padaria, do supermercado, do posto de gasolina...e você deve estar se perguntando mas por que?
Porque é simples, com um bom dia, um sorriso, eu posso mudar o mundo de todas essas pessoas e assim melhorar o meu, experimente; duvido que ao chegar ao caixa de um mercado que esteja lá sem ter escutado sequer um bom dia, mesmo já sendo 17h00, ele não vai mudar de opinião, de cara, de humor.
Parece até "papo" de gente que vê flores em tudo, mas não é.
É uma verdade que não vemos mais porque passamos apressados pelos dias. E é nessa hora que os falsos profetas, os manipuladores de sentimentos pegam as pessoas que estão cansadas de serem "invisíveis", de trabalhar o dia inteiro como máquinas, sem carinho, sem uma troca de olhar ou uma palavra de confiança que seja.
Nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em silêncio sobre as coisas que importam, que doem, que teimamos em não enxergar, em não falar, em não vivê-las.
Não é preciso chegar num momento limite para se dar conta disso.
O enfretamento das pequenas mortes que nos acontecem em vida já é o empurrão necessário.
E nem preciso ser profeta para enxergar isso, basta praticar o olhar sensível sobre as coisas, sair desse "engessamento" de estar sempre certo ou errado sobre determinada questão, ler mais, estar perto de gente positiva e de bom humor, afinal ninguém precisa saber tudo, mas acreditar em um mundo melhor, isso é quase que uma obrigação!
É preferível uma vida em harmonia onde cada dia tem o seu sabor do que buscar uma vida eterna às custas de quem teme a si mesmo!
Sigamos o lema "Peace and Love", esse sim, nunca fez mal a ninguém.
Sejamos arrebatados ...pelo Amor ao próximo e por nós mesmos!
Acredite, nessa hora, sim, existirá uma fé inabalável!
Adriane Lima
(Texto publicado na Revista Glamour / Edição 2 /Ano 1 )
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