terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Crônica :"Natal em família uma festa, nada imodesta!!! "


Todo final de ano é a mesma coisa,cada um a sua maneira faz um balanço do que foi o ano, o pensamento viaja, o coração faz retrospectiva, a memória guarda o que foi bom e tenta apagar o que foi triste e amargo, hora de refazer contas, planejar e sonhar de novo.
Afinal,mais um ano está se findando em nossas vidas.Hora de fazer desejos e pedidos ao ano que se aproxima,de repensar o novo,para que ele realmente seja novo.
Como o ser humano é um "poço"de inquietações,como conseguimos não ter paz ,por conta de nossos questionamentos.
Mas,acho que nem é bom ter paz nessa hora.
É preciso ser movimentado pelo balanço das horas mesmo e mudar o que não está bom.
Tudo em nossas vidas tem uma inconstância,uma força que nos impulsiona a questionar,repensar,refrear ou seguir em frente.
Assim ,é o mundo,ele gira,o tempo passa,evoluímos e nos recriamos dentro dele.
E nessa época próxima as festas de final de ano,acabei me questionando e vendo que questões tão tradicionais também estão mudando.
Pensei na vida, quase como em uma equação matemática:Tradição + Família = Natal.
E ai,me veio a indagação sobre a nova familia e a visão do mundo sobre ela,j á que o Natal é tradicionalmente uma festa familiar,reunindo:pai,mãe,irmãos,avós,tios,primos...geneticamente falando e todos os "Jingle Bells" a que tivemos direito dessa época.
Mas, a famíla atual mudou,muitos casais se separaram e convivem com filhos que são só dele,ou só dela...os chamados meio-irmãos,filhos com criações diferentes,visões modernas que estamos nos acostumando a conviver.
Mas, nessas épocas como fazer para não se magoar,nem magoar,sem se chocar e sem estragar a festa de ninguém.
Claro que ainda não pensaram em fazer um "manual" de como se comportar em situações desse tipo;mas assim como a família mudou, é preciso também mudar nossa visão sobre ela.
A nova família hoje está mais complacente,crianças crescem aceitando os novos parceiros dos pais.desde que os adultos e pais dos mesmos não façam críticas a esse olhar infantil sobre o amor e as relações humanas.
Eles convivem com os "meio-irmãos" com facilidade se não houverem barreiras emocionais por parte dos adultos que cercam essas relações.
Ou seja, as crianças de hoje crescidas em ambientes favoráveis à essas mudanças não sentirão problemas em conviver com padrastos,madrastas,namorados dos pais e os meio-irmãos.
Claro que,nós hoje adultos vivemos nossos Natais da infância com famílias tradicionais e completas,em sua maioria,mas hoje muitos de nós estamos separados e temos que passar esse significado de Natal aos nossos filhos e quem sabe,netos.
Se a familia tradicional mudou,ela acompanhou o mundo,os conceitos,os padrões da época,portanto nossa visão de mundo também precisa acompanhar esses passos com leveza,revendo hábitos, preconceitos,quebrando rótulos e padrões se for preciso.
Se as mudanças existiram foi porque elas foram necessárias,hoje em dia ninguém mais permanece em relações fadadas ao fracasso e ao desamor,tudo é uma evolução de sentimentos de ações e reações humanas.
A nossa existência como ser humano é coberta de significados e o modo como cada um vê sua trajetória,é algo tão particular, quanto a sua formação de crenças dentro do que ele chama de "família".
A questão não está em ser moderno e aceitar somente sem se livrar do que temos de arraigados em questões tradicionais.
É preciso rever o que precisa ser liberto em cada um de nós,aceitar a formação da nova família  e assim construirmos significados disso dentro da gente para transmitirmos amor e liberdade de sentimentos verdadeiros para as novas gerações.
Ou seja,se vai o namorado da mãe, a filha dele,a namorada do pai,os filhos dela,o primo que casou novamente e levou a nova esposa,a nova sogra,pessoas que estão se reconstruindo emocionalmente,tentando novas relações,todos fazem parte dessa nova familia ,que chamaremos de "moderna",com suas separações,revoluções e novas formações.
Porque Natal independe do antigo,do novo,para que possa existir em cada um de nós como referência.
Natal são os laços fraternais que criamos o tempo todo em vários momentos de nossas vidas.
E o que mais desejamos nessa época é que tudo seja mesmo repensado,para que o Novo Ano,venha com muito amor,paz,esperanças de um mundo cada vez melhor não só dentro da gente mas, também fora modificando nosso cotidiano se for preciso para abraçarmos com força o que temos de melhor para chamarmos de "Família".
Tradicional ou não que os laços sejam fortes mas, não apertem nossos caminhos e sim,os alarguem cada vez mais!
Feliz Natal e um Ano Novo cheio de modernidade e fraternidade à todos nós!!!!


Adriane Lima 

( Texto publicado na revista Glamour/  edição 5 /ano 1 )

Sou o que sou



Eu sou o que sou
já tentei mudar
mas sou imutável
na medida em que posso

Sou de poucos mistérios
sou de poucas promessas
sou o que sou
e não tenho pressa

O que me incomoda
é a passividade
prefiro fazer da vida, um evento
nos dias de tristeza
até alegria eu invento

Sou o que sou
não sei se isso é bom ou ruim
o vazio nas palavras
não existe em mim

Falo sozinha
falo pelos cotovelos
tenho meus opostos
bem demarcados
eu deixo tudo à vista
não mando recados

Sou o que sou
em um mundo
que anda frágil
cheio de promessas de amor
e muitos homens culpados

O peso das injustiças
o preço do mercado
o verso tão esquecido
de verdades veladas

Sou o que sou
esqueci muitas ilusões
guardei muitos sonhos no bolso
mas, não os deixo pesar como pedras

O meu reino é de portas abertas
construo pontes e não muros
ergo bandeiras e não miséria

Uma poesia não enche barriga
mas enfeita a alma de quem a lê
como flor etérea
matéria prima dos sensíveis
vinda de um parto sem dor 
e que chamei de : amor





Adriane Lima

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