segunda-feira, 10 de abril de 2017

Palavras de proteção



Construo palavras artrópodes
proteção que não caberiam
em nenhum corpo

palavras em exoesqueleto
armadas, duras, revestidas em segredos
palavras inúteis
tão híbridas que não servirão
para nada

as palavras sendo signos
vindas de um monólogo divino
entre Eu e meu próprio umbigo

palavras artrópodes
me desamparam ao menor
sinal de perigo

palavras cheias de dedos
silenciam a pulsação do universo

em meu poema
não construo palavras artrópodes
sílabas frágeis, esvoaçantes

palavras me escapam e sobrevivem
da minha falta de sorte




Adriane Lima





Arte by Prashant Nayak

Poema reflexivo



Olho sua fotografia
finjo que não te reconheço
talvez me livre da culpa


queria ser a entrega
e sou a própria desculpa

de uma dor maior
de não nos espelharmos mais






Adriane Lima










Arte by Frans Kronjé

Os lugares de mim



Tirei o domingo a tarde
para ler meus poemas antigos

ver quem eu era tempos atrás
como eram meus amigos

vasculhei entrelinhas
parei para relembrar
revisitei minhas dores

voltei em busca de mim
e me vi diferente

meus erros, medos e amores
não tem hoje meu espanto

quero agarrar a realidade
e me conhecer de novo








Adriane Lima







Arte by Prashant Naya

Onde existe o espaço



Chegado o equinócio do outono
se fosse eu mapa
e você bússola
sei que estaríamos perdidos














Adriane Lima










Arte by Gerard Schlosser



Poema sobre a mesa



Viver para pagar contas
pagar o pato
pagar o preço

morrer para apagar pegadas
apagar memórias
apagar segredos

e ser só
paz






Adriane Lima










Arte by Vitor Lolli
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