quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Flor de mim


 
 
Eu lhe disse
que o amor
um dia envelhece
 
que os caminhos
são estreitos
a estrada é longa
e tudo se esquece
 
liricamente intenso
como sabíamos
que seria
 
sei que o poeta errou
ao escrever que
a palavra amor 
anda vazia
 
se ela está em seus olhos
após me dizer 
que sente 
o meu perfume
através de uma fotografia
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
Arte by  Jean Pierre Lecler
 

A morte da inocência




De silêncios hoje me fiz
a voz em mim não nascia
buscava em meu ser
a resposta vazia

Os sons vindo
das velhas imagens
da terra abandonada

A poeira levantada
mostrava o rosto emoldurado
pela tragicomédia
dessa vida mascarada

Coração, terra de ninguém

cultivado entre tantas estações
explorado entre tantos centuriões
foi preciso deixar que
tudo florisse abandonado

Vivenciando a intempérie das chuvas
do sol e das mágoas
sucumbir ao chão do destino

Tudo é feito de terra
e oscila no súbito movimento da alma
é sempre o futuro que nos excede
é sempre o passado que nos amarra





Adriane Lima








Arte by Martiros Manuskian 


Tempo contínuo

 
 
 
Eu, sem palavras, quase mansidão
nada pensei além da entrega
derretia-me ao sabor da língua
 
percorria territórios
que formavam músculos
ornados por um dragão
 
aprendi a observar
seu jeito de anjo
de alma depenada
 
dedilhando o desejo
de atravessar-lhe
como se a carne alheia
fosse o pecado
 
falávamos tolices
para quebrar o silêncio
que abocanhava o escuro da noite
e avivava a luz da lua
 
evocávamos o prazer
o desvanecer
o brincar de eternidade
dentro desta noite
que supúnhamos eterna
 
e foi...
 
 
 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
 
 
Arte by 
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