Cansa-me os olhos rasos
as habituais superfícies
desejo as veias profundas
onde a exigência da vida
torna-se estado de peso
essa estranha sensação
que falta a engrenagem de tudo
olho o pingo da chuva anônimo
que matou a borboleta
a água caída formando
um aguaceiro, sem freio
-não direi nada de ternura
a água levou
o que estava no ar
e meu inúteis olhos
a tudo assistem
sob eles está a terra
que irá engolir a borboleta
peso e leveza
em estado de graça
como meu destino humano
desfazendo pegadas
recolhendo ossos
tecendo o prenúncio
de minha própria eternidade
Adriane Lima
Arte by Koey Milk