segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Mera Intuição
E eu que me achava pura intuição
tinha era que ter remorso
de querer o que não posso
mas gosto de jogar com a vida
e tenho um pé na contravenção
Ando sem lenço e documentos
faz um tempão
procuro as respostas
como um rebento
vivo de divagação
E todos eu mal resolvo
mas, me aguento
um dia ainda sei que me estrepo
e vou para a prisão
Sou desses que viaja
voa tão longe
entra em ruas, na contramão
que sonha com bichos e interpreta
como resposta uma indicação
gosto do que não posso
até por pura opção
Sou ave solta
jogo com a vida às vezes sem pensar
O meu grito muitas vezes nem eu ouço
Percebo o nó de emaranhados em meu pescoço
E quando o desejo não acontece
A minha história vira obsessão
Jogo na borboleta e dá pavão....
Adriane Lima
Arte by Catherine Alexandre
Lição de casa
Hoje eu vi um velho no farol
ele vendia amendoins
sorria todo contente
mesmo na boca não tendo dentes
Gritava e entre os carros seguia
com sua gritaria:-"quem quer amendoim sem casca"...
e me olhou bem de mansinho
moça compre aqui,estão limpinhos
E eu me emocionei com o olhar daquele velhinho
corri comprar para ajuda-lo
E com pressa, logo parti
mas meu coração aprendeu a lição ali
De quem trabalha até essa idade
pois a verdade é
que de cascas
Já bastam as da vida...
Adriane Lima
Arte by Michael Cheval
Se é morte ou vida
E se eu morresse hoje
Quem choraria por mim
Quem mandaria flores
margaridas, astromélias e jasmins
Com qual roupa eu iria caminhar para o meu fim
E se no fim
por que não um começo
Da etérea busca do ser
Ficaria do alto olhando
Quem me ama sofrer (?)
Morrer,findar-se do agora
Morrer acabar uma história
Olhar com os olhos da aurora
O túnel de luz,o alvorecer
Pensar na morte é pensar na vida
Pesar o que se fez e quem se teve aqui
Solitária passagem desconhecida
Presente que me foi dado e única alternativa
E se estou acordado,
vou é esquecer de morrer...
Adriane Lima
Válida Dor
Minha mãe sempre avisou
vai doer
vai sangrar
mas eu sempre arranquei
minhas cascas das feridas
sem com elas me importar
abria uma a uma assim
bem distraída
e via fazer sangrar
aquela dor esquecida
hoje me corto pouco a carne
é bem verdade,
já estou crescida
mas o peito fere e sangra
diariamente as maldades da vida
um mundo em desequilíbrio
onde a fome a submissão
são cascas que jorram dores
que chegam sem permissão
essas sinto aos montes
por todos aqueles
que a padecem
mas,minhas dores
essas não cessam
mesmo que eu
as jogue longe
ansiedades
desamores
restos de histórias inacabadas
que me pesam feito um bonde
tempo perdido
filhos crescidos
e meus amores mal resolvidos
poucos são os que tem sorte
de ter noites em vales calmos
sem um Valium que lhes acalme
a ferida exposta na carne.
entre aqueles que são prosa
e tem o Prozac na mesa
desfilo minhas certezas
de lhes terem tirado a calma
encobertam com remédios
as dores profundas da alma
Essa feridas ficam abertas
em distraídos instantes
onde figuram atores
com suas dores, estanques
Adriane Lima
Arte by Saturno Butto
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