terça-feira, 9 de julho de 2013
Em real abandono
Não, não precisa me visitar
não fiz teu bolo de brigadeiro
não lavei a varanda
nem molhei o jardim
não, não precisa me visitar
teu cão nem mais te espera no portão
já esqueceu teu cheiro
mesmo que fosse um perdigueiro
teria em memória teu abandono
não, não venha me visitar
tuas coisas eu já doei
para não doer em mim
a visão de tuas escolhas
não , não venha me visitar
a grama do vizinho continua sendo mais verde
a piscina com águas cristalinas
a casa cheirando a jasmim
não , não venha me visitar
meu jardim está abandonado
a piscina virou alegria de uns sapos
e a casa cheira a retratos
feito aqueles túmulos esquecidos
com vasos a espera de flores
detalhes que você não iria conseguir enxergar
Adriane Lima
Arte by Eric Lohner
Poema em linha reta
O feminino é tão intenso em mim
que sou a chuva
em pura inundação
estilhaços do fim do mundo
em meu vulcão
eras entre montanhas tailandesas
sou a certeza
do yang que pulsa
tensionando forças
para uma explosão
sou a poça
e não o poço
sou o que possa
chamar de osso
pois sou a coluna
de tua sustentação
Adriane Lima
Arte by Irina Kotova
Árvore dos desejos
Entro em teu jardim
enluarado de ardências
em meus dedos serenados
sinto tuas úmidas pétalas
antecipo teus gestos e pensamentos
ao vê-la movimentar-se sedutora
em um pulsar macio de imensidão
aspiro o cheiro que exala
pele e desejo
prazer e volúpia
efêmera intensidade
escorrida entre pernas
me possuo nesse espaço
corpo entregue
alma leve
é sentimento que nasce
e renasce em cada contratura
vozes em baixa sonoridade
compõem nossa estrutura musical
vivemos um céu de estrelas cadentes
e salivamos flores ao infinito
Adriane Lima
Arte by Tomasz Alen Kopera
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