quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Sentires





Sentir I

sentimento
sentir muito
sentir durar
sentir nada
sentir acabar




Sentir II

senti mento
senti mente
senti menta
sabor de língua atenta




Adriane Lima e Orlando Bona Filho

Pequena confissão burguesa





Porque sempre
automatizar
 

pentear cabelos
arrumar a cama
tirar o pó dos móveis
lavar a louça suja
alvejar a roupa usada
sair para a rua

porque sempre
seguir as regras
não fume
não chore
não beba
não sinta

porque sempre agradecer
obrigada pela palavra
obrigada pelas flores
obrigada por estar viva

porque sempre ser previsível
ter frases feitas
sorrisos mansos
abraços afetivos

porque calar a fúria
de se estar vivo

quando se é poeta
pode qualquer escrita
não valer de nada
além de lamber feridas

porque não usar a força
porque não usar a arma

porque qualquer contexto
pode ser um pretexto
para viver no hospício

porque a normalidade
são mãos
que se leem no escuro

são músicas que tocam
comendo as beiradas
dos infernos escondidos

são tintas que escorrem
na maquiagem da vida
enganando silêncios
de egos imaturos

só não me peçam
a glória do sossego
de enxergar um futuro

porque mais nada me pertence

 


Adriane Lima





Arte by Andrew Lucas 

Onde mora o uniVerso

 
 
 
O mundo em ti
não cabe em meus seios
não visita meus cabelos
não acolhe a minha pele
o mundo em ti
me ensinou de entregas
me ensinou a ir embora
me ensinou a ficar
impregnada de teu cheiro
mesmo quando perco o ar
essa ardente vontade
de te viver de em ti estar 
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
Arte by  Adrienne Stein

Espaço de estrelas

 
 
 
 
 
 
Saudade é essa minha paciência
de ficar pensando e sentindo
sentindo e pensando
onde andará os braços da paz ?
 
 
 
 
Adriane Lima
 
 
 
 
Arte by Catrin Welz Stein 
 
 
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