terça-feira, 25 de outubro de 2011

Crônica:" A lenda pessoal e o amor".

 
 
 
Eu tenho pensado muito na vida, confesso...essa época em que a idade faz a gente trombar com a realidade e ouvi-la falar: "mocinha , teu tempo está passando, você já viveu tantas coisas  em teu caminho e em todos os sentidos,você já teve os melhores amigos,foi nas melhores festas,morou em belas cidades, teve grandes amores,paixões,teve filhos,plantou árvores,pintou quadros,viveu mentiras,viveu verdades.
Faça uma pausa ai no tempo e reveja onde você seguiu por caminhos certos, onde fez o errado em sua lenda pessoal.
E o que era um simples modo de ordenar a vida e entender melhor sobre lenda pessoal ,escolhas ,amor,caminhos,foi se tornando uma descoberta fascinante entre meu "eu e o momento".
A resposta parece estar na necessidade de um frequente mergulho para dentro de nós mesmos e buscar compreender a essência de nossas mais profundas aspirações, o ‘conhece-te a ti mesmo’, para só a partir daí, fazer escolhas coerentes, definindo como prioridade aquilo que tem significado verdadeiro para nossa vida.
Isso, no entanto, não é algo tão simples de colocar em prática, tendo em vista o medo daquilo que possamos vir a descobrir, ou mais grave ainda, ao descobrirmos, nos darmos conta de que não teremos coragem para realizar aquilo que pede nosso coração.
Mas tantas histórias vieram parar em minhas mãos que vi que isso é bem mais que um ato filosofal,é uma atitude quase "junguiana" de inconsciente coletivo.
Ai comecei a ler mais sobre tais assuntos e achei incrível algumas questões uma delas diz o seguinte:
O inconsciente coletivo se opõe ao inconsciente pessoal, o qual poderia se manifestar na produção de sonhos.
Desta forma, enquanto alguns destes têm caráter pessoal e podem ser explicados pela própria experiência da pessoa, outros apresentam imagens impessoais e estranhas, que não se consegue associar a nada de que se tenha lembrança.
Esses sonhos seriam então um produto do inconsciente coletivo, algo como um depósito de imagens e símbolos, que Jung denomina arquétipos.
Seria deles também de onde se originariam os mitos.
Quando Joseph Campbell, o mais conhecido estudioso de mitologia de nosso tempo (e autor, entre outros livros, do excelente "O Poder do Mito") ,criou a expressão "siga sua benção" ele estava refletindo uma idéia cujo momento parece ser igual ao que Paulo Coelho em o Alquimista está sob o nome de Lenda Pessoal.
É necessário distinguir  que aqui não quero "divagar" sobre  fatalismo e determinismo.
Não quero ser nem fatalista ,nem determinista...
Quero apenas acreditar que existam Lendas Pessoais!!!
O fatalismo, compreendido como uma doutrina em vez de uma atitude, pode assumir mais do que uma forma.
A idéia de que existe um tipo de força  a controlar o nosso destino é para nós a mais familiar, porque é central em muitos mitos gregos.
Todos buscam essa lenda como buscam o ar que respiram, e não baseado em um sistema autônomo e sim em lutas "límbicas" no mais puro sentido da palavra.
Digo, límbico porque é esse sistema  que comanda certos comportamentos necessários à sobrevivência de todos os mamíferos.
Que também cria e modula funções mais específicas, as quais permitem ao animal distinguir entre o que lhe agrada ou desagrada.
Como andar e ir atrás de seus desejos , seguir instintos e fazer planos, ter vontades, medos,tristezas.
...Tudo isso acelera ou desacelera a busca de cada um.
É fato, o cotidiano nos atropela às vezes, mas perecemos se não tentarmos encontrar outros caminhos, essa é a vontade de todo ser, não caminhar por esse caminho sozinho e por isso coloco aqui o amor como lenda pessoal de cada um.
Mas, aqui entram dois grandes "vilões" nos quais lutamos diariamente:razão e emoção(coração).
A alma, também chamada na antiguidade de coração, é a essência daquilo que somos.
Por conta disso, é natural que nossa alma ou coração carregue seus próprios modelos e tenha seu próprio jeito de ser.
A felicidade humana parece depender de um terrível paradoxo; o de estarmos condenados a viver divididos entre a possibilidade de realizar os mais belos voos de nossas almas e o cativeiro das imposições que definimos como padrões; uma decisão que pode implicar em estarmos abrindo mão daquilo que temos de mais precioso: a liberdade de ser.
O que chamamos de razão não passa de um modelo construído por regras que decorrem de um pensar coletivo, resultado do instinto de agrupamento que desenvolveu o homem, em sua luta pela sobrevivência, visando superar adversidades ao longo da história de sua existência.
E sempre esteve nas mãos de cada um escrever a própria história de Amor e de Lendas
E através da história  fui me lembrando de amores famosose suas lendas pessoais.... 
Júlio César e Cleópatra,
Tristão e Isolda,
Romeu e Julieta,
Rodin e  Camille Claudell,
Anais Ninn e Henry Miller e tantos outros....
Todos esses amores foram baseados em paixões,cumplicidades, lutas e buscas de caminhos pessoais para estarem juntos.
Todos procuravam sua forma de amar melhor e assim seguir a felicidade.
Foram todas histórias lindas, sem sombra de dúvidas mas, nenhum amor mesmo que avassalador desses citados,deu certo.
Ai, nessa hora parei e pensei...por que?
E aqui Paulo Coelho caiu feito uma luva...
"Uma coisa é você achar que está no caminho certo, outra é achar que o seu caminho é o único.
Nunca podemos julgar a vida dos outros, porque cada um sabe da sua própria dor e renúncia..."
Cada história é única, cada qual ama a sua maneira e luta com suas armas internas.
E a vida....a vida continuará sendo um milagre que não pode ser repetido.
Creio na vida e no amor enquanto " lenda pessoal " sendo um ato individual,como o nascer e morrer..
Amamos o outro mas, estamos sempre sozinhos e por isso muitos amores não dão certo.
Mas, ai tem os que se acovardam,os que não buscam a lenda, não buscam o amor e passam uma vida inteira em sua confortável polidez de sentimentos...
Conjugando os verbos assim:eu não te cobro,você não me machuca,nós não nos ferimos e nem nos amamos...Amém !!!
Viu, como não é dificil passar do crédito para o descrédito!!!
Tem muitos ai que não suportam a instabilidade dos sentimentos no outro, nunca sabem a hora certa de dizer o que sentem,
a hora certa de se mostrarem humanos e acabam paralizando-se nas verdades.
Mas, é claro que ninguém deve entrar em uma história se não está disposto a ir até o fim,seja ela boa ou ruim.
O processo é esse mesmo, o começo todos sabemos...mas o final...só vivendo.
Por isso viver o amor como lenda pessoal é entrar em um processo de coragem...de valentia mesmo!!
E tem coisa melhor? Na lenda pessoal de cada um a coragem é tudo....
Oscar Wilde dizia: "A gente sempre destrói aquilo que mais ama".
E é verdade. A simples possibilidade de conseguir o que deseja faz com que a alma do homem comum encha-se de culpa.
Ele olha a sua volta, e vê que muitos não conseguiram, e então acha que não merece.
Conheço muita gente que, ao ter a Lenda Pessoal ao alcance da mão, fez uma série de bobagens e terminou sem chegar até seu objetivo - quando faltava apenas um passo.
Medo,culpa,baixa estima,insegurança,falta de fé,falta de confiança...(puxa dá para arrumar um bocado de sentimentos ruins aqui,que gerariam esse fracasso).
Sempre que um homem faz aquilo que lhe dá entusiasmo, está seguindo sua Lenda.
Acontece que nem todos tem coragem de enfrentar-se com os próprios sonhos e assim amar de verdade.
Mas,vamos pensar em amores que deram certo e que seguiram suas lendas pessoais....
Tenho alguns que cito por pura admiração :
Salvador Dali e Gala :
Você pode não acreditar em amor à primeira vista, mas Salvador Dalí bradava aos quatro ventos que sua paixão por Helena Diakomonova, ou apenas Gala, tinha acontecido dessa forma. O encontro aconteceu no verão de 1929, quando Gala e seu então marido, o poeta francês Paul Éluard, foram visitar o pintor espanhol. Dalí narrou o início desse amor: "No dia seguinte, eu fui buscar Gala e nós fomos passear nos rochedos de Cayals (...). 'Meu menino', disse ela, 'nós não nos separaremos mais'. Ela seria minha Gradiva, minha Vitória, minha mulher". A partir desse momento, Gala passou a fazer parte não apenas da vida de Dalí, como também de suas obras, servindo de modelo para as mais diversas personagens retratadas em suas pinturas. 
A morte de Gala, em 1982, tirou a vontade de viver do espanhol, que permaneceu recluso no Teatro-Museu Dalí, na cidade espanhola de Figueres, até falecer em 1989.
Viveu e morreu  sua lenda pessoal de forma gloriosa.
Com coragem, loucuras,fé e todos os sentimentos que um ser humano possa provar e sentir-se vivo,tanto que  após perder sua amada não produziu mais.
Outro caso de amor que me inspira muito:
Jorge Amado e Zélia Gatai:
"Aquela ali vai ser minha mulher", apontou Jorge Amado para o amigo mineiro Paulo Mendes Campos durante um jantar do I Congresso de Escritores, em 1945. A escolhida era  Zélia Gattai. Convencido de sua paixão, o baiano tentou, tentou e, em julho do ano seguinte, já morava com Zélia. Maus agouros acreditavam que o romance não duraria mais de seis meses, mas resistiu bravamente até a morte do escritor, em 2001. Zélia sempre foi a companheira número 1 de Jorge Amado: acompanhava-o em viagens políticas e, no exílio ,
 Assim como nos romances de Jorge Amado, a despedida do casal não poderia ser menos ficcional: após a morte do escritor, ele foi cremado e suas cinzas espalhadas ao pé de uma mangueira no quintal de sua casa, em Salvador."
Não preciso dizer muitas coisas sobre o amor deles,eles mostraram tudo!
Eles viveram até o fim o que a vida os presenteou,sem covardias e sem o duelo entre razão e emoção.
E por ultimo cito John Lennon e Yoko Ono,um amor difícil pois Lennon já era casado,mas, a paixão deles foi mais forte,e no final da década de 60 os dois se uniram em Gibraltar e protagonizaram uma lua de mel digamos; politizada.
Em Amsterdã uma das paradas da viagem eles deitaram nus por sete dias em um quarto de hotel,pedindo a paz mundial.
O protesto ficou conhecido como:"Bed in Peace", e assim seguiram esse amor,tumultuado,cheios de episódios de guerras e bandeiras,propriamente dita,e até o assassinato de Lennon em 1980,esse amor é tido como um dos mais duradouros da história de amor entre famosos.
Após entender que lendas podem dar certo ou não, que escolhas podem vir da massificante idéia de padrões que impomos a nós mesmos,vejo que nem sempre somos o que realmente somos...
 
Acredito que,nunca é demais lembrar que algumas dessas escolhas implicam decisões recíprocas e nesse momento o melhor é não criar expectativas que possam produzir desilusão que torna o existir pesado, a ponto de se transformar amor em ódio, alegria em sofrimento, beleza em frustração.
E para finalizar cito um texto onde o autor diz:"A vida é um fluxo de decisões e nisso se resume a "insustentável leveza do ser",uma ópera cujas páginas escrevemos a cada dia;muitas sob emoções contidas,palavras suprimidas e finais que vão se modificando a cada minuto;porque sabemos que nessa peça somos ao mesmo tempo atores e platéia,mas somos especialmente os autores dessa história.(Maurício A.Costa/Mentor Virtual).
A grande verdade é que saimos de tudo isso com a certeza de que nem sempre a vida e nem as lendas pessoais saem como sonhamos,idealizamos.
Mas,a vida é o aqui,o agora ,o "Carpe Diem" nosso de cada luta,cada instante vivido e saboreado com intensidade.
E você???Está vivendo sua lenda pessoal???
 
(**Alguns trechos citados foram retirados de pesquisas no google)
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