quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Onde olhos habitam asas



Embriago-me do temporal
do dia de sol, em meu quintal
embriago-me lendo Vinícius,
ou assistindo um filme 

que me faça chorar

Embriago-me ao pensar na ciência,
na evolução do homem e sua fé
quando leio conceitos verdadeiros
e sentimentos sem manipulação

Embriago-me na ternura de meus gatos
e na sordidez humana que vejo
quando ouço mentiras e apelos
com sua psicopatia tão bem estruturada

Embriago-me por todo olhar infantil,
sem maquiagem ou coisa que valha
através de minhas dores ou universais
vindas da miséria ou pura ganância

Embriago-me do mais puro vinho
dos deuses esquecidos,
pela profanação e calúnia desde que,
o mundo é mundo

Embriagando-me e vejo a vida
com olhos de quem usa a espreita
para sobrevoar acima dos abutres








Adriane Lima





Arte by Marina Podgaevskaja
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...