sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Caminho das azuláceas



Você abandonou palavras
aboliu metáforas
ressurgiu de catarses
em silenciosas dores

pulsões arranhavam céus
de meu imaginário
havia coragem em viver
deslocamentos

sair do senso comum
dos homens sem asas
criar imagens amorosas
do lugar onde revisitei

quando cheguei
reconheci em tuas mãos
enternecidas
a palavra: fica







Adriane Lima




Arte by Patricia Arni

Margens de mim



Hoje lembrei de minhas
últimas palavras
dedicadas a você
manchadas pelas lágrimas
do silêncio de meu ser

Elas atravessaram teu olhar
reflexo de barco à deriva
ali fiquei a perguntar:

onde deixei de ser teu cais







Adriane Lima













Arte by Oksana Zhelisco

Não adianta dizer que não vê



Eu não sei
que língua falo
portanto peço: deixe-me respirar
o hálito do infinito e em minha boca
ter o gosto de estrelas

Elas são a verdadeira voz
da contradição
emanam luz
mesmo em outra dimensão

Não sei que língua falo
pois já falei: dessa água não beberei
e bebi
Aqui não volto mais
e voltei
Dessa porta não mais adentro
e adentrei

Não sei compreender o inexpressivo
o véu medieval, o escotoma
de meu ser carnal

Eu não sei que língua falo
de tantas que já provei
em ouvidos moucos
aprisionados em devaneios

Há um sol em minhas entranhas
um desvelo, um grito,
um chão de passos perdidos

É essa sua voz que ouço
dentro de uma paz intangível








Adriane Lima














Arte by Paul Lovering
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